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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Blancanieves

     Com alguns meses de atraso chega ao Brasil o premiadíssimo Branca de Neve de Pablo Berger. Ambientado na Sevilha dos anos 20 é um filme em preto em branco, sem diálogos e apresentado na ancestral janela quadrada. Começou a ser planejado há quase uma década, até que finalmente o diretor conseguisse produtores interessados em financiá-lo. 
       Antonio Villalta (Daniel Giménez Cacho) é um toureiro, o mais famoso e adorado da Espanha. Porém cegado por sua vaidade, não percebe que está correndo risco, e quando é ferido fica à beira da morte. Enquanto isso, sua esposa (Inma Cuesta) dá à luz a uma menina e morre. A garota, Carmencita (Sofía Oria), cresce aos cuidados da avó (Ángela Molina). Já o toureiro, que ficou paraplégico, casa-se com a enfermeira interesseira que tratou dele no hospital, Encarna (Maribel Verdú).  Encarna segue uma trajetória de mera enfermeira a rainha malvada, dominando o casarão dos Villalta – trancando o marido no andar superior e tomando o motorista (Pere Ponce) como seu amante. Com a morte da avó, a menina é mandada para a casa do pai, com quem nunca teve contato. A madrasta a proíbe de subir para o segundo andar. Porém, a menina tanto faz que reencontra o toureiro, solitário numa cadeira de rodas preso a um quarto. Se, num primeiro momento, há estranhamento entre eles, com o tempo se tornam amigos, e ele lhe ensina técnicas de tourada. Percebendo a situação, Encarna obriga o motorista a matar a menina, mas ele não consegue. Por uma fatalidade, ela fica com amnésia e acaba adotada por seis (e não sete) anões toureiros, que a chamam de Branca de Neve. Essa segunda parte ganha ares circense chegando a um final lindamente melancólico.



Algumas criticas do filme: 

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A história original de Rapunzel

Bem, então vamos falar também da versão adulta de Rapunzel. "Rapunzel" é uma palavra derivada da palavra alemã para rabanete, comida favorita da mãe de Rapunzel. Esta mãe convence seu marido a entrar num jardim proibido e roubar rabanetes. Ela quer desesperadamente o vegetal - sintoma de sua gravidez. O jardim é propriedade de uma feiticeira, que apanha do marido roubando. O marido explica a situação e, em vez de punição, oferece a feiticeira o bebê Rapunzel logo que nascer para o pagamento da transgressão.

A vida com sua nova mãe é boa até Rapunzel fazer doze anos. Então a feiticeira coloca Rapunzel em uma torre alta, que é impossível subir sem ajuda. Felizmente, Rapunzel tem um cabelo anormalmente comprido: quando a feiticeira visita Rapunzel para levar comida (e, presumivelmente, muito shampoo), a feiticeira fica ao pé da torre e grita: "Rapunzel, Rapunzel, deixe o seu cabelo, para que eu possa subir a escada de ouro". Rapunzel joga fora o cabelo e a feiticeira sobe a torre.


Um dia, um príncipe errante ouve Rapunzel cantando dentro de sua torre. Ele se esgueira para cima e vê a feiticeira chamando para subir a torre. Após a feiticeira sair, ele fica na torre, diz a fala da feiticeira e sobe cabelos de Rapunzel. Assim começa um namoro regular, e depois de algumas visitas e muito sexo, Rapunzel fica grávida. Não sabendo sobre os mistérios da gravidez e do parto, ela comete um erro. Na visita seguinte da feiticeira, Rapunzel pergunta porque o vestido está crescendo tão apertado em volta de seu estômago.
Na raiva, feiticeira corta o cabelo de Rapunzel e expulsa-a para um deserto nas proximidades. 
A feiticeira aguarda na torre o príncipe retornar. Quando o príncipe vem e sobe o cabelo, ele fica frente a frente com a feiticeira. Com medo e depressão de ter perdido Rapunzel, ele pula da torre, e cai em um espinheiro. Os espinhos perfuram seus olhos e e ele fica cego. Ele sai errante por uma floresta, lamentando sua má sorte e provavelmente fica sempre muito deprimido quando esbarra em árvores.

Rapunzel e o príncipe passeam separadamente por um tempo. Eventualmente, eles chegam perto o suficiente, porque um dia o Príncipe ouve Rapunzel cantando, assim como quando ele encontrou sua torre. 
Eles se reúnem, e as lágrimas de Rapunzel de alegria molham os olhos do príncipe, curando sua cegueira. O príncipe leva Rapunzel de volta ao seu reino. Neste ponto, podemos supor que a situação é "felizes para sempre", já que nada mais é dito sobre o que acontece a feiticeira ou aos filhos de Rapunzel.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quando Rapunzel começou a ficar infantil

Do blog Cintaliga, aqui vai uma das versões da Rapunzel contada por "Menina Eva". Apesar de ser um pouquinho diferente nos detalhes, já é uma versão infantil. Mas o início da versão adulta (os pais trocando o bebê por rabanetes) se mantém. É muito divertido a maneira como ela conta. Acompanhem:

"Eu tinha uma coleção de livrinhos coloridos. Eles vinham com fitinhas cassete da mesma cor do livro. Amarelo, laranja, verde, azul. Não lembro o nome nem a pau, mas a mamãe tinha muito carinho e cuidado com essa coleção minha.

Tinha a história d´A Galinha Ruiva, que plantava o trigo, colhia o trigo, levava até o moinho, e nenhum dos vizinhos ajudava. E então ela fez um bolo com a farinha, e todos os vizinhos queriam ajudar a comer o bolo - mas essa ajuda a galinha ruiva dispensou! Mamãe conta que eu não admitia que ela dissesse " A Galinha Ruiva". Lembro-me perfeitamente da minha teimosia: "É Agalinha Roiva, mamãe!"; hoje em dia, não tenho idéia sobre qual obscuro motivo está por trás dessa minha obstinação. O que é uma pena, eu gostaria muito de saber.

Minha história favorita desde sempre foi Rapunzel. E acho que virou minha história favorita por causa da versão deste livro. Eram desenhos lindos, estilizados. Fora o fascínio da própria história. A mãe da Rapunzel, uma grávida daquelas, teve desejo de comer os rapuns que nasciam no quintal da vizinha. [Na minha fitinha, a mãe da Rapunzel dizia: "Quero rapuns, querido. Rapuns. Rabanetes!" Pesquisando no Google, descobri que na verdade o nome em português seria rapúncio.]
A vizinha - que é uma Bruxa, CLARO - pega o pai da Rapunzel no flagra roubando os "rabanetes". E propõe uma troca muito justa: ele pega os rabanetes e ela fica com a criança que vai nascer. E o pai, pouco ligando pra conselho tutelar, topa.
A criança nasce, a Bruxa cumpre o acordo e leva a menina embora. E chama a menina de Rapunzel, que quer dizer... rapúncio! [E não rabanete! Passei minha vida acreditando nisso...]
A Rapunzel passou anos e anos trancada numa torre sem porta, só com uma janela no alto. E, como toda heroína de contos de fada, é a mulher mais linda do mundo - e é loira. Que ódio eu tinha disso. A Cinderela, a Barbie, a Marilyn Monroe, a Madonna. Todas loiras. Todas lindas. E eu, gordinha, de cabelo ruim.

Mas, mesmo sendo loira e linda, ela foi crescendo, e o cabelo crescendo junto. Ficou com o cabelo tão comprido, que a Bruxa o prendia em duas tranças, e subia na torre por ele, e descia também, de rapel. E eu ficava pensando na imensa paciência que a Bruxa devia ter com o cabelo da Rapunzel, e acabei concluindo que ela não devia ser tão bruxa assim.

E aí, a Rapunzel ficando sozinha quase o dia inteiro, cantava pra matar o tempo, já que ainda não tinham inventado as palavras cruzadas. Como também não existia cultura pop, ela não tinha platéia nem gravava cd's. Mas, um dia, um príncipe - que também não tinha palavras cruzadas pra resolver - estava cavalgando perto da torre e escutou a Rapunzel cantando. Ele era meio tímido pra pedir um autógrafo, então todo dia ele voltava pra ouvir mais um pouco.

Linda, loira, recordista de cabelo e ainda canta bem? A Rapunzel é o máximo.

Um certo dia, a Rapunzel interrompe o show pra deixar a Bruxa subir. E o príncipe vê toda a lenga-lenga, a Bruxa gritando a senha

- "Rapunzel, jogue-me suas tranças!"

E subindo pelo cabelo da menina. O príncipe achou aquilo muito engenhoso, e resolveu tentar também. Foi só a Bruxa ir embora que ele gritou a senha, e a Rapunzel - que é LOIRA, não esqueçam - saiu jogando o cabelo sem prestar muita atenção, e ainda LEVOU UM SUSTO quando viu um homem lá em cima no quarto dela.

Mas o susto foi breve. Foi só o Príncipe dizer que gostava do som que ela fazia que ela já se derreteu toda. A fama subiu à cabeça, e ela já foi fazendo planos sobre como o príncipe ia ajudá-la a descer dali. Todo dia, ele ia vir, gritar a senha, e subir trazendo um pedaço de pano, e ela ia tecer uma escada com os paninhos.

E porque ela não pensou em cortar o próprio cabelo, amarrar em algum lugar e descer por ele? Ela é LOIRA, não esqueçam.

O plano ia muito bem, obrigada. Mas a Rapunzel, LOIRA, um dia se distraiu enquanto a Bruxa subia e perguntou, loiramente:

- Porque a senhora é tão mais pesada que o príncipe?

Ela foi a pessoa que teve o maior cabelo loiro do mundo, relevem.

A Bruxa, sentindo-se traída, roda a baiana, corta o cabelo da Rapunzel [o que deve ter sido um trauma pavoroso] e joga a menina num deserto bem distante, sem passagem de volta. Fica esperando o príncipe aparecer e gritar a senha, joga a trança pra enganar o rapaz e empurra o cara lá de cima da torre. Ele cai bem em cima de um espinheiro e fica cego. [A figura do espinheiro era APAVORANTE no meu livrinho. E o barulho da queda? Brrr.]

Cego e sem namorada, o príncipe vaga durante ANOS [ANOS!], até que um dia, claro, na última pagina do livro, ele ouve a voz dela clamando cantando no deserto, e rola a maior emoção no reencontro.

E AÍ vem a minha parte favorita. A Rapunzel chora com o príncipe deitado no colo dela. E a pureza dos sentimentos dela é tão enorme, que as lágrimas dela CURAM a cegueira do príncipe, permitindo que eles vivam feliz para sempre, como deve ser com todo casal que se ama e enfrente dificuldades pra ficar junto.

Eu era simplesmente vidrada nesse final. O fato do amor da Rapunzel ser tão imenso a ponto de fornecer a ela poderes meio mágicos. O fato de a pureza dela ser ponto fundamental no final feliz.

Que o amor é realmente meio mágico, eu só vim aprender anos mais tarde. Mas talvez eu não tenha mais a pureza da Rapunzel, e por isso as minhas lágrimas não têm o poder de curar os machucados que causei.

Só que eu sou incorrigível: continuo acreditando em finais felizes".

Fonte: http://www.interney.net/blogs/cintaliga/2007/11/01/a_princesa_na_torre/

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Mutilação e suicídio

Criada pelo dinamarquês Hans Christian Andersen, em 1837, A Pequena Sereia é um relato pra lá de brutal.
1. NAVALHA NA CARNE
No original, a Bruxa do Mar corta a língua de Ariel, que perde a voz. Além disso, a sereia tem a cauda rasgada em duas para virar mulher e conquistar o coração do príncipe. Mas, a cada passo, as pernas sangram e doem.
2. CABEÇA FEITA
Na insistência para que Ariel voltasse a ser sereia, suas irmãs chegam a arrancar os cabelos - literalmente! O objetivo era oferecer as madeixas para que a bruxa do mar rompesse o encanto.
3. FIM DA LINHA
Em troca dos cabelos, a bruxa dá uma faca para Ariel matar o príncipe - que a trocara por outra - e voltar a ser sereia. Traída e desenganada, Ariel se mata pulando de um abismo no mar gelado.

Mãe má!

Inveja, tortura e sugestão de canibalismo roubam a cena dos anões nas versões mais hardcore de Branca de Neve.
1. ESPELHO MAU
Na primeira versão dos Grimm, de 1810, é a mãe, e não a madrasta, que pira no espelho como sendo a mais bela do reino. Invejosa por perder o posto, planeja dar um sumiço na filhinha de apenas 7 anos.
2. DANÇANDO EM BRASAS
Após ter o plano frustrado, a rainha é condenada, no meio da festa de casamento de Branca com o príncipe. Como pena, a ex-poderosa tem que dançar até a morte calçando sapatos de ferro em brasa!
MUNDO CANIBAL
A rainha manda um caçador matar Branca de Neve na floresta, trazendo o fígado e um pulmão como prova do serviço. Ele engana a rainha com carne de javali, que a mãe come achando ser da filha.

Gata Barraqueira

Ao contrário da donzela boazinha que conhecemos, nas versões mais antigas, a Cinderela é quem começa a pancadaria!
1. GOLPE DO BAÚ
Na versão de Giambattista Basile, chamada A Gata Borralheira, a heroína une forças com a governanta para matar a madrasta. Um dia, quando a megera pega roupas num baú, a moça lhe fecha a tampa na cabeça.
2. NA PONTA DOS PÉS
Os irmãos Grimm botam mais sangue no miolo da história. Quando o príncipe visita as casas para identificar o pé de sua amada, as irmãs malvadas de Cinderela se mutilam para tentar calçar o sapatinho, cortando dedos e calcanhares.
3. ORA, POMBOS
Na versão dos Grimm, a madrasta também não é morta por Cinderela. A malvada bate as botas com pombos comendo seus olhos e os das filhas.

Estupro e adultério

Sexo com pessoa em coma e feitiçaria são o tempero de Bela Adormecida, história que tem até uma versão feita no Brasil.
À moda italiana
Giambattista Basile apimentou a história no século 17.
1. FARPA MALDITA
Ao mexer num tear, uma farpa entra sob a unha de Tália, provocando sono imediato - maldição prevista desde sua infância. Desconsolado, o pai abandona a casa, largando a filha adormecida sozinha.
2. NOIVA CADÁVER
Numa caçada, o rei, que já era casado, se encanta por Tália e, antes de partir, transa com a moça apagada! Ela ainda engravida de gêmeos. Um dia, ao tentar mamar, um deles chupa o dedo da mãe e retira a farpa, despertando-a.
3. AMADA AMANTE
Um ano após o encontro, o rei volta à floresta, encontra Tália acordada e passa a esticar as caçadas para manter a vida dupla. A esposa desconfia e põe um espião na cola do rei.
Bela do Brasil
A versão brasuca também sangra. O escritor brasileiro Sílvio Romero publicou, em 1885, em Contos Populares do Brasil, a história de um rei que, numa caçada pela floresta, se apaixona pela camponesa Madalena Sinhá. Em seguida, o rei constitui uma segunda família no campo, mas é delatado por um servo da rainha. No final, a amante e a rainha saem na mão até que Madalena mata a rival, com ajuda do rei. E o servo dedo-duro acaba degolado.
À moda francesa
Nas mãos de Charles Perrault, o final é violento.
1. GUARDA NA DESPENSA
O cozinheiro esconde as crianças e abre o jogo com Bela - que a rainha também estava a fim de jantar. Ao ouvir o choro das crianças, a rainha descobre o engodo e resolve cozinhar todo mundo.
2. BANQUETE DE GENTE
Furiosa com o filho por assumir Bela como rainha, a ogra ordena ao cozinheiro que faça para ela um rango com a carne do neto e da neta. O criado, porém, serve carne de carneiro e de cabrito para enganá-la.
3. CALDEIRÃO ANIMAL
O caldeirão que vai ferver geral é recheado com sapos, víboras, enguias e cobras. No último instante, porém, o rei aparece e a ogra, amedrontada, se joga de cabeça, sendo devorada pelas feras.
4. QUE OGRA DE SOGRA
Agora a vilã é a mãe do rei. A sogra de Bela - que não tem nome nesta versão - é uma ogra, faminta por crianças! Não à toa, o rei não conta nada à megera sobre seus netinhos.

Vermelho cor de sangue

A tonalidade mais chamativa na roupa da doce Chapeuzinho combina com uma história cheia de violência, canibalismo e insinuações sensuais.
ERA UMA VEZ...
A maioria dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho, surgiu por volta da Idade Média, em rodas de camponeses na Europa, onde eram narrados para toda a família. "A fome e a mortalidade infantil serviam de inspiração", diz a especialista em histórias infantis Marina Warner, da Universidade de Essex, na Inglaterra.
FINAL FELIZ
Ao fim da versão francesa, Chapeuzinho, sentindo-se ameaçada, pede para sair e fazer suas necessidades fora da casa. O lobo, nojentão, insiste para que ela faça xixi na cama mesmo - urg! -, mas acaba deixando a menina sair. Esperta, Chapeuzinho aproveita o vacilo do vilão e escapa.
FINAL SANGRENTO
O francês Charles Perrault foi o primeiro a pôr muitos contos de fadas no papel, no século 17. Ele tornou o final da história mais sangrento - com o lobo jantando a mocinha - e introduziu a famosa moral da história, dizendo que "crianças não devem falar com estranhos para não virar comida de lobo".
FINAL AMENIZADO
No século 19, os irmãos alemães Jacob e Wilhelm Grimm - famosos compiladores de contos que até então só eram transmitidos oralmente -, inventaram a figura do caçador. No fim da história, ele aparece e salva a pele de Chapeuzinho e da vovó, abrindo a barriga do lobo com um tesourão.
1. COMIDA DE VÓ
Numa versão francesa da história, após interrogar Chapeuzinho na floresta e pegar um atalho para a casa da vovó, o lobo mata e esquarteja a velhinha sem dó. A coisa piora quando o vilão, já fingindo ser a vovó, oferece a carne e o sangue da vítima, como se fosse vinho, para matar a fome da netinha - que come e bebe com gosto!
2. TIRA, TIRA...
Após encher o bucho e praticar canibalismo sem saber, Chapeuzinho ainda tira a roupa e joga no fogo, a pedido do lobão! O clima, porém, não é nada infantil, com a garota perguntando o que fazer com a roupa a cada peça tirada. O lobo só tinha uma resposta: "Jogue no fogo, minha criança. Você não vai mais precisar disso...".
3. SEDUÇÃO INFANTIL
Ao se deitar ao lado do lobo, já totalmente nua, Chapeuzinho começa a reparar no físico do vilão, como se desconfiasse de algo. Admirada, a menina começa a exclamar: "como você é peluda, vovó", "que ombros largos você tem" e "que bocão você tem", entre outros elogios à anatomia do bichão...
*Fontes: Conte de la mère-grand (coletado pelo folclorista Achille Millien por volta de 1870); Pentameron, de Giambattista Basile; Tales of Mother Goose, de Charles Perrault; Childrens and Household Tales, dos irmãos Grimm; Da Fera à Loira, de Marina Warner; A Princesa que Dormia (coletânea publicada pela editora Paraula) .

terça-feira, 13 de julho de 2010

Bela adormecida, que na versão original é estuprada e engravida enquanto está em coma, por diferentes artistas.


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Perrault e Capinha Vermelha


O lobo consegue entrar na casa da avó fingindo ser Capinha Vermelha e engole imediatamente a velhinha. Na história de Perrault o lobo não se disfarça de avó. Simplesmente deita-se na cama dela. Quando Capinha chega, o lobo pede-lhe que se deite com ele. Capinha Vermelha tira a roupa e entra na cama, quando então se espanta com a aparência desnuda da avó, e exclama: "Vovó, que braços enormes você tem!", ao que o lobo responde: - "São para te abraçar melhor!" - Capinha então diz: - Vovó, que pernas grandes você tem!" - e recebe como resposta: - "São para correr melhor!" - Seguem-se a este dois diálogos, (que não ocorrem na versão dos Irmãos Grimm), perguntas bem conhecidas sobre os olhos, orelhas e dentes grandes da Avó".

Quando Perrault publicou sua coleção de contos de fadas em 1697, Capinha Vermelha já era uma história antiga, com elementos que remontavam a tempos atrás. Existe o mito de Cronos onde ele engole os filhos que de modo miraculosoconseguem sair de seu estômago, e no lugar deles colocam pedras pesadas. Há uma história Latina, de 1023 (de Egberto de Lièges, chamada Fecunda ratis), na qual uma menininha é descoberta na companhia dos lobos; a menina usa uma manta vermelha, de grande importância para ela, e os estudiosos dizem que esta manta era um capuz vermelho. Aqui, então, seis séculos ou mais antes da estória de Perrault, encontramos alguns elementos básicos de Capinha Vermelha: uma menina com um capuz vermelho, a companhia dos lobos, uma criança sendo devorada viva que retorna incólume, e uma pedra colocada no lugar da criança.

Há outras versões de Capinha Vermelha, mas não sabemos qual delas influenciou Perrault na sua narrativa. Em algumas o lobo faz Capinha Vermelha comer a carne da avó e beber seu sangue, apesar de vozes advertirem-na do contrário.
(p. 204)

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cinderela segundo os Irmãos Grimm


Para aproveitar o fim de semana estamos inaugurando nossa nova coluna : Versões, cada um faz do seu jeito. Para está estreia escolhemos Cinderella o conto de fadas mais conhecido. Sabe-se sua versão mais antiga é de uma história contada na China, onde os pés pequenos eram considerados um sinal de beleza. A versão do francês Charles Perrault, de 1697, é que tem fada madrinha, carruagem-abóbora, e o sapatinho de cristal. Nas versões anteriores, transmitidas oralmente, Cinderela recebe a ajuda de sua mãe, cujo espírito se materializa sob forma de peixe, vaca ou árvore. Ao criar a fada madrinha Perrault acrescentou um toque mais poético a essa tradição. Na versão dos Irmãos Grimm, Cinderela não tem fada-madrinha. O texto é assim contado:
Há muito tempo, aconteceu que a esposa de um rico comerciante adoeceu gravemente e, sentindo seu fim se aproximar, chamou sua única filha e disse:
- Querida filha, continue piedosa e boa menina que Deus a protegerá sempre. Lá do céu olharei por você, e estarei sempre a seu lado - mal acabou de dizer isso,fechou os olhos e morreu. A jovem ia todos os dias visitar o túmulo da mãe,sempre chorando muito. Veio o inverno, e a neve cobriu o túmulo com seu alvo manto. Chegou a primavera, e o sol derreteu a neve. Foi então que o viúvo resolveu se casar outra vez. A nova esposa trouxe suas duas filhas, ambas louras e bonitas - mas só exteriormente. As duas tinham a alma feia e cruel. A partir desse momento, dias difíceis começaram para a pobre enteada.
- Essa imbecil não vai ficar no quarto conosco! - Reclamaram as moças. - O lugar dela é na cozinha! Se quiser comer pão, que trabalhe! Tiraram-lhe o vestido bonito que ela usava, obrigaram-na a vestir outro, velho e desbotado, e a calçar tamancos.
- Vejam só como está toda enfeitada, a orgulhosa princesinha de antes!
- Disseram a rir, levando-a para a cozinha. A partir de então, ela foi obrigada a trabalhar, da manhã à noite, nos serviços mais pesados. Era obrigada a se levantar de madrugada, para ir buscar água e acender o fogo. Só ela cozinhava e lavava para todos. Como se tudo isso não bastasse, as irmãs caçoavam dela e a humilhavam. Espalhavam lentilhas e feijões nas cinzas do fogão e obrigavam-na a catar um a um. À noite, exausta de tanto trabalhar, a jovem não tinha onde dormir e era obrigada a se deitar nas cinzas do fogão. E, como andasse sempre suja e cheia de cinza, só a chamavam de Cinderela. Uma vez, o pai resolveu ir a uma feira. Antes de sair, perguntou às enteadas o que desejavam que ele trouxesse.
- Vestidos bonitos - disse uma.
- Pérolas e pedras preciosas - disse a outra.
- E você, Cinderela, o que vai querer? - perguntou o pai.
- No caminho de volta, pai, quebre o primeiro ramo que bater no seu chapéu e traga-o para mim. Ele partiu para a feira, comprou vestidos bonitos para uma das enteadas, pérolas e pedras preciosas para a outra e, de volta para casa, quando cavalgava por um bosque, um ramo de aveleira bateu no seu chapéu. Ele quebrou o ramo e levou-o. Chegando em casa, deu às enteadas o que haviam pedido e à Cinderela, o ramo de aveleira. Ela agradeceu, levou o ramo para o túmulo da mãe, plantou-o ali, e chorou tanto que suas lágrimas regaram o ramo. Ele cresceu e se tornou uma aveleira linda. Três vezes, todos os dias, a menina ia chorar e rezar embaixo dela. Sempre que a via chegar, um passarinho branco voava para a árvore e, se a ouvia pedir baixinho alguma coisa, jogava-lhe o que ela havia pedido. Um dia, o rei mandou anunciar uma festa, que duraria três dias. Todas as jovens bonitas do reino seriam convidadas, pois o filho dele queria escolher entre elas aquela que seria sua futura esposa. Quando souberam que também deveriam comparecer, as duas filhas da madrasta ficaram contentíssimas.
- Cinderela! - Gritaram. - Venha pentear nosso cabelo, escovar nossos sapatos e nos ajudar a vestir, pois vamos a uma festa no castelo do rei!
Cinderela obedeceu chorando, porque ela também queria ir ao baile. Perguntou à madrasta se poderia ir, e esta respondeu:
- Você, Cinderela! Suja e cheia de pó, está querendo ir à festa? Como vai dançar, se não tem roupa nem sapatos? Mas Cinderela insistiu tanto, que afinal ela disse:
- Está bem. Eu despejei nas cinzas do fogão um tacho cheio de lentilhas. Se você conseguir catá-las todas em duas horas, poderá ir. A jovem saiu pela porta dos fundos, correu para o quintal e chamou:
- Mansas pombinhas e rolinhas! Passarinhos do céu inteiro! Venham me ajudar a catar lentilhas! As boas vão para o tacho! As ruins para o seu papo! Logo entraram pela janela da cozinha duas pombas brancas; a seguir, vieram as rolinhas e, por último, todos os passarinhos do céu chegaram numa revoada e pousaram nas cinzas. As pombas abaixavam a cabecinha e pic, pic, pic, apanhavam os grãos bons e deixavam cair no tacho. As outras avezinhas faziam o mesmo. Não levou nem uma hora, o tacho ficou cheio e as aves todas voaram para fora. Cheia de alegria, a menina pegou o tacho e levou para a madrasta, certa de que agora poderia ir à festa. Porém a madrasta disse:
- Não, Cinderela. Você não tem roupa e não sabe dançar. Só serviria de caçoada para os outros.
Como a menina começou a chorar, ela propôs:
- Se você conseguir catar dois tachos de lentilhas nas cinzas em uma hora, poderá ir conosco. Enquanto isso, pensou consigo mesma: "Isso ela não vai conseguir..." Assim que a madrasta acabou de espalhar os grãos nas cinzas, Cinderela correu para o quintal e chamou:
- Mansas pombinhas e rolinhas! Passarinhos do céu inteiro! Venham me ajudar a catar lentilhas! As boas vão para o tacho! As ruins para o seu papo! E entraram pela janela da cozinha duas pombas brancas; a seguir vieram as rolinhas e, por último, todos os passarinhos do céu chegaram numa revoada e pousaram nas cinzas. As pombas abaixavam a cabecinha e pic, pic, pic, apanhavam os grãos bons e
deixavam cair no tacho. Os outros pássaros faziam o mesmo. Não passou nem meia hora, e os dois tachos ficaram cheios. As aves se foram voando pela janela. Então, a menina levou os dois tachos para a madrasta, certa de que, desta vez, poderia ir à festa. Porém, a madrasta disse:
- Não adianta, Cinderela! Você não vai ao baile! Não tem vestido, não sabe dançar e só nos faria passar vergonha! E, dando-lhe as costas, partiu com suas orgulhosas filhas. Quando ficou sozinha, Cinderela foi ao túmulo da mãe e embaixo da aveleira, disse:
- Balance e se agite, árvore adorada, cubra-me toda de ouro e prata! Então o pássaro branco jogou para ela um vestido de ouro e prata e sapatos de seda bordada de prata. Cinderela se vestiu, a toda pressa, e foi para a festa. Estava tão linda, no seu vestido dourado, que nem as irmãs, nem a madrasta a reconheceram. Pensaram que fosse uma princesa estrangeira - para elas, Cinderela só poderia estar em casa, catando lentilhas nas cinzas. Logo que a viu, o príncipe veio a seu encontro e, pegando-lhe a mão, levou-a para dançar. Só dançou com ela, sem largar de sua mão por um instante. Quando alguém a convidava para dançar, ele dizia:
- Ela é minha dama. Dançaram até altas horas da noite e, afinal, Cinderela quis voltar para casa.
- Eu a acompanho - disse o príncipe. Na verdade, ele queria saber a que família ela pertencia. Mas Cinderela conseguiu escapar dele, correu para casa e se escondeu no pombal. O príncipe esperou o pai dela chegar e contou-lhe que a jovem desconhecida tinha saltado para dentro do pombal. "Deve ser Cinderela...", pensou o pai. E mandou vir um machado para arrombar a porta do pombal. Mas não havia ninguém lá dentro. Quando chegaram em casa, encontraram Cinderela com suas roupas sujas, dormindo nas cinzas, à luz mortiça de uma lamparina. A verdade é que, assim que entrou no pombal, a menina saiu pelo lado de trás e correu para a aveleira. Ali, rapidamente tirou seu belo vestido e deixou-o sobre o túmulo. Veio o passarinho, apanhou o vestido e levou-o. Ela vestiu novamente seu vestidinho velho e sujo, correu para casa e se deitou nas cinzas da cozinha. No dia seguinte, o segundo dia da festa, quando os pais e as irmãs partiram para o castelo, Cinderela foi até a aveleira e disse:
- Balance e se agite, árvore adorada, cubra-me toda de ouro e prata! E o pássaro atirou para ela um vestido ainda mais bonito que o da véspera. Quando ela entrou no salão assim vestida, todos ficaram pasmados com sua beleza. O príncipe, que a esperava, tomou-lhe a mão e só dançou com ela. Quando alguém convidava a jovem para dançar, ele dizia:
- Ela é minha dama. Já era noite avançada quando Cinderela quis ir embora. O príncipe seguiu-a, para ver em que casa entraria. A jovem seguiu seu caminho e, inesperadamente, entrou no quintal atrás da casa. Ágil como um esquilo, subiu pela galharia de uma frondosa pereira carregada de frutos que havia ali. O príncipe não conseguiu descobri-la e, quando viu o pai dela chegar, disse:
- A moça desconhecida escondeu-se nessa pereira. "Deve ser Cinderela", pensou o pai. Mandou buscar um machado e derrubou a pereira. Mas não encontraram ninguém na galharia. Como na véspera, Cinderela já estava na cozinha dormindo nas cinzas, pois havia escorregado pelo outro lado da pereira, correra para a aveleira, e devolvera o lindo vestido ao pássaro. Depois, vestiu o feio vestidinho de sempre, e correu para casa. No terceiro dia, assim que os pais e as irmãs saíram para a festa, Cinderela foi até o túmulo da mãe e pediu à aveleira:
- Balance e se agite, árvore adorada, cubra-me toda de ouro e prata! E o pássaro atirou-lhe o vestido mais suntuoso e brilhante jamais visto, acompanhado de um par de sapatinhos de puro ouro. Ela estava tão linda, tão linda, que, quando chegou ao castelo, todos emudeceram de assombro. O príncipe só dançou com ela e, como das outras vezes, dizia a todos que vinham tirá-la para dançar:
- Ela é minha dama. Já era noite alta, quando Cinderela quis voltar para casa. O príncipe tentou segui-la, mas ela escapuliu tão depressa, que ele não pode alcançá-la. Dessa vez, porém, o príncipe usara um estratagema: untou com piche um degrau da escada e, quando a moça passou, o sapato do pé esquerdo ficou grudado. Ela deixou-o ali e continuou correndo. O príncipe pegou o sapatinho: era pequenino, gracioso e todo de ouro. No outro dia, de manhã, ele procurou o pai e disse:
- Só me casarei com a dona do pé que couber neste sapato. As irmãs de Cinderela ficaram felizes e esperançosas quando souberam disso, pois tinham pés delicados e bonitos. Quando o príncipe chegou à casa delas, a mais velha foi para o quarto acompanhada da mãe e experimentou o sapato. Mas, por mais que se esforçasse, não conseguia meter dentro dele o dedo grande do pé. Então, a mãe deu-lhe uma faca, dizendo:
- Corte fora o dedo. Quando você for rainha, vai andar muito pouco a pé. Assim fez a moça. O pé entrou no sapato e, disfarçando a dor, ela foi ao encontro do príncipe. Ele recebeu-a como sua noiva e levou-a na garupa do seu cavalo. Quando passavam pelo túmulo da mãe de Cinderela, que ficava bem no caminho, duas pombas pousaram na aveleira e cantaram:
- Olhe para trás! Olhe para trás! Há sangue no sapato, que é pequeno demais! Não é a noiva certa que vai sentada atrás! O príncipe virou-se, olhou o pé da moça e logo viu o sangue escorrendo do sapato. Fez o cavalo voltar e levou-a para a casa dela. Chegando lá, ordenou à outra filha da madrasta que calçasse o sapato. Ela foi para o quarto e calçou-o. Os dedos do pé entraram facilmente, mas o calcanhar era grande demais e ficou de fora. Então, a mãe deu-lhe uma faca dizendo:
- Corte fora um pedaço do calcanhar. Quando você for rainha, vai andar muito pouco a pé. Assim fez a moça. O pé entrou no sapato e, disfarçando a dor, ela foi ao encontro do príncipe. Ele aceitou-a como sua noiva e levou-a na garupa do seu cavalo. Quando passavam pela aveleira, duas pombinhas pousaram num dos ramos e cantaram:
- Olhe para trás! Olhe para trás! Há sangue no sapato, que é pequeno demais! Não é a noiva certa que vai sentada atrás! O príncipe olhou o pé da moça, viu o sangue escorrendo e a meia branca, vermelha de sangue. Então virou seu cavalo, levou a falsa noiva de volta para casa e disse ao pai:
- Esta também não é a verdadeira noiva. Vocês não têm outra filha?
- Não - respondeu o pai - a não ser a pequena Cinderela, filha de minha falecida esposa. Mas é impossível que seja ela a noiva que procura. O príncipe ordenou que fossem buscá-la.
- Oh, não! Ela está sempre muito suja! Seria uma afronta trazê-la a vossa presença! - protestou a madrasta. Porém o príncipe insistiu, exigindo que ela fosse chamada. Depois de lavar o rosto e as mãos ela veio, curvou-se diante do príncipe e pegou o sapato de ouro que ele lhe estendeu. Sentou-se num banquinho, tirou do pé o pesado tamanco e calçou o sapato, que lhe serviu como uma luva. Quando ela se levantou, o príncipe viu seu rosto e reconheceu logo a linda jovem com quem havia dançado.
- É esta a noiva verdadeira! - exclamou, feliz. A madrasta e as filhas levaram um susto e ficaram brancas de raiva. O príncipe ergueu Cinderela, colocou-a na garupa do seu cavalo e partiram. Quando passaram pela aveleira, as duas pombinhas brancas cantaram:
- Olhe pare trás! Olhe pare trás! Não há sangue no sapato, que serviu bem demais! Essa é a noiva certa. Pode ir em paz! E, quando acabaram de cantar, elasvoaram e foram pousar, uma no ombro direito de Cinderela, outra no esquerdo; ali ficaram. Quando o casamento de Cinderela com o príncipe se realizou, as falsas irmãs foram à festa. A mais velha ficou à direita do altar, e a mais nova, à esquerda. Subitamente, sem que ninguém pudesse impedir, a pomba pousada no ombro direito da noiva voou para cima da irmã mais velha e furou-lhe os olhos. A pomba do ombro esquerdo fez o mesmo com a mais nova, e ambas ficaram cegas para o resto de suas vidas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Você quiz dizer ...

Boa Noite.
Willian Bonner sobre Cinderela

Cinderella, stay awhile.
Michael Jackson sobre Cinderela

Não me lembro de nada das 8 horas seguintes.
Consumidor do Remédio da marca "Boa Noite Cinderela"®

Você quis dizer: LSD
Google sobre Alice no País das Maravilhas

Experimente também: Maconha
Sugestão do Google para Alice no País das Maravilhas

Melhor do que um baseado.
Bob Marley sobre Alice no País das Maravilhas

Nem se compara.
Marcelo D2 sobre Alice no País das Maravilhas

Calma Alice foi só uma bad trip!
LSD sobre alice no país das maravilhas

Já cumi!
Marlene Mattos sobre Branca de Neve

De ACRUEL

O Sabão em Pó da Pequena Sereia!

Eu tambem sou piranha.
Paris hilton sobre Ariel

Só porque ela tem rabo.
Ursinho Pohh

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Como seria a história da Chapeuzinho Vermelho nas manchetes

Coluna de humor - toda segunda

PROGRAMA DA HEBE
(Hebe Camargo): "... Que gracinha gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?"

REVISTA CLÁUDIA
Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no Caminho.

CAPRICHO
Esse lobo é um gato!

REVISTA NOVA
Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama.

MARIE-CLAIRE
Na cama com um lobo e minha avó, relato de quem passou por essa experiência.

REVISTA CARAS (Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte)
Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou outra pessoa"

SUPERPOP(Chapeuzinho é convidada para desfilar no programa só de lingerie vermelha.)
(Luciana Gimenez): Nossa, que corpo, hein garota? Muita bonita mesmo! Até eu no lugar do Lobo não iria deixar escapar essa menina!!

BRASIL URGENTE
(Datena): "... Onde é que a gente vai parar, cadê as Autoridades? Cadê as autoridades?! A menina ia para a casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... Um lobo, um lobo safado. Põe na tela! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não."

REVISTA VEJA
Lula sabia das intenções do lobo.

JORNAL NACIONAL
(William Bonner): "Boa noite. Uma menina foi devorada por um Lobo na noite de ontem...".
(Fátima Bernardes):"... Mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia".

FANTÁSTICO
(Glória Maria): ...que gracinha, gente, vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo...?

FOLHA DE S. PAULO
Legendada foto: "Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador". Na matéria, Box com um zoólogo explicando os hábitos dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.

O ESTADO DE S. PAULO
Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.

REVISTA ISTO É
Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.

AGORA
Sangue e tragédia na casa da vovó.

JORNAL SUPER NOTÍCIAS
Lobo mastiga as tripas da chapeuzinho e lenhador destrói tripas do lobo para retirar a garota (foto ao lado da barriga do lobo com as tripas pra fora).

JORNAL DO BRASIL
Floresta: Garota é atacada por lobo (Na matéria, a gente não fica sabendo onde, nem quando, nem mais detalhes.)

O GLOBO
Retirada Viva da Barriga de um Lobo (Na matéria terá até mapa da região. O salvamento é mais importante que o ataque.)

MEIA HORA
Lobo Mal comeu a Chapeuzinho Vermelho (literalmente).

PLAYBOY (Ensaio fotográfico no mês seguinte)
Veja o que só o lobo viu.

G MAGAZINE (Ensaio fotográfico com lenhador)
Lenhador mostra o machado.

SEXY
(Ensaio fotográfico com Chapeuzinho um ano depois do escândalo).
"Essa garota matou um lobo!"


PROGRAMA DA UNIVERSAL
(Pastor): Isso é encosto! Agora meu irmãos vamos todos juntos levantar as mãos e dizer: SAI CHAPEUZINHO VERMELHO, SAI DESSE CORPO QUE NÃO TE PERTENCE.

BIG BROTHER
(Pedro Bial): Fala meu Lobo, Quem você vai eliminar hoje?
(Lobo): Hoje eu vou eliminar a Chapeuzinho Vermelho, porque ela tá de complô com o Lenhador, que eu acho que quer me eliminar e isso não está fazendo bem para o Ambiente da casa.

O APRENDIZ
(Roberto Justus): Chapeuzinho, o que você foi fazer na casa da vóvozinha?
(Chapeuzinho): Fui levar uns doces para ela.
(Justus): De graça? Mas você não tinha um Planejamento para isso? Achou que era o marketing mais correto? Qual seria o retorno? Que tipo de postura teve seu líder? Que providências você tomaria?


SUPER INTERESSANTE
Lobo mau! Mito ou verdade?

DISCOVERY CHANNEL
Descubra se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.

domingo, 27 de setembro de 2009

Foto de Dogville
Na versão dos irmãos Grimm, Branca de Neve tem apenas sete anos. Príncipes pedófilos era normais... O prícipe carrega seu corpo morto com ele para o palácio. Algum tipo de necrofilia? Depois de algum tempo, um de seus servos, cançado de ter que carregar o caixão de um lado para o outro, resolve descontar suas frustrações dando uma baita de uma surra na Branca de Neve. Um dos golpes no estômago faz com que ela vomite a maçã e volte a vida.




quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Neve, Vidro, Maçãs

Por Neil Gaiman
Eu não sei que espécie de coisa ela é. Nenhum de nós sabe. Ela matou sua mãe ao nascer, e nunca é demais lembrar sua culpa por isso.
Dizem que sou sábia, mas estou longe disso. Tudo que previ foram fragmentos, momentos congelados e presos em poças d'água ou no vidro do meu espelho. Se eu fosse sábia, não teria tentado mudar o que vi. Se eu fosse sábia, teria me matado antes mesmo de encontrá-la, antes mesmo de tê-lo conquistado. Sábia, e bruxa, ou assim o dizem, e eu tinha visto o rosto dele nos meus sonhos e pensamentos por toda a minha vida: dezesseis anos a sonhar com ele, antes do dia em que ele parou seu cavalo perto da ponte, naquela manhã, e perguntou meu nome. Ele me ajudou a montar no seu altivo cavalo, e fomos juntos para minha pequena propriedade no campo, meu rosto enterrado no dourado dos seus cabelos. Ele me pediu o que eu tinha de melhor; era seu direito, por ser rei.

Sua barba era de um vermelho-bronze à luz da manhã, e eu o conheci, não como um rei, pois eu não sabia nada sobre reis então, mas como meu amor. Ele teve de mim tudo o que queria - é um direito dos reis - mas me retribuiu no dia seguinte, e na noite também: sua barba tão vermelha, seu cabelo tão dourado, seus olhos do azul de um céu de verão, sua pele bronzeada, com a cor gentil do trigo maduro.

Sua filha era só uma criança: não mais que cinco anos de idade quando eu cheguei ao palácio. Um retrato da sua mãe morta pendia da parede do seu quarto, na torre: uma mulher alta, seu cabelo da cor do ébano, os olhos castanhos. Sua pálida filha não parecia descender dela.

A garota não fazia suas refeições conosco. Eu não sei em que lugar do palácio ela comia. Eu tinha meus próprios aposentos. Meu marido, o rei, também. Quando ele me queria, ele mandava me procurar, e eu ia até ele, e lhe dava prazer, e também recebia um pouco.

Uma noite, vários meses após eu ser levada ao palácio, ela veio aos meus aposentos. Estava com seis anos. Eu bordava à luz do lampião, apertando meus olhos à sua fumaça e à sua parca iluminação. Quando levantei os olhos, ela estava ali.

- Princesa?

Ela não disse nada. Seus olhos eram negros como o carvão, negros como seus cabelos; seus lábios eram mais vermelhos que o sangue. Ela olhou para mim e sorriu. Seus dentes pareceram afiados, mesmo ali, à luz do lampião.

- O que você está fazendo fora do seu quarto?

- Estou com fome - ela disse, como qualquer criança. Era inverno, um tempo em que comida fresca é como um sonho de calor e luz do sol; mas eu tinha cordões de maçãs, descaroçadas e secas, penduradas nas vigas do meu aposento, e puxei uma para ela.

- Tome.

O outono é a época de secar, de preservar, a época de colher maçãs e gordura de ganso. O inverno é a época da fome, da neve e da morte, e é a época de Festival, quando esfregamos gordura de ganso na pele de um porco e o
recheamos com as maçãs colhidas no outono, e então o assamos ou grelhamos, e organizamos o festival enquanto ele estala no fogo.

Ela pegou a maçã seca e começou a mordiscá-la, com seus dentes amarelos e afiados.

- Está boa?

Ela assentiu. Eu sempre tive medo da princesinha, mas naquele momento me aconcheguei a ela e com meus dedos, gentilmente, acariciei seu rosto. Ela olhou para mim e sorriu - ela sorria raramente - , e então fincou seus dentes na base do meu polegar, tirando sangue.

Eu ia começando a gritar, de dor e surpresa; mas ela olhou para mim e eu caí em silêncio.

A princesinha fixou sua boca à minha mão, e lambeu, chupou, sugou. Quando terminou, deixou meus aposentos. Diante do meu olhar, a perfuração feita por ela começou a se fechar, a cicatrizar, a sarar. No dia seguinte, ela era como uma cicatriz antiga: eu poderia ter cortado minha mão com um canivete, quando era criança.

Eu havia sido congelada por ela, possuída e dominada. Aquilo me assustou, mais do que o sangue de que ela havia se alimentado. Depois daquela noite, eu trancava meus aposentos ao anoitecer, barrando a porta com uma tranca de carvalho, e pedi ao ferreiro que fizesse barras de aço e as colocasse nas minhas janelas (...).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Vingança

Em "A Guardadora de Ganços" o Rei inquere àquela que se passou pela princesa qual seria o castigo ideal para alguém que fizesse tal coisa. A dama, sem perceber ter sido descoberta, responde: "Ela mereceria ser colocada nua dentro de um barril forrado de ferros pontiagudos, e dois cavalos brancos deveriam arrastar este barril pela cidade, até que ela morresse". Rei então aplicou tal castigo a ela.

O Caçador enche de pedras a barriga do Lobo de "Chapeuzinho Vermelho" que cai no rio e, por causa do peso, morre afogado.

A bruxa de "João e Maria" , que desejava cozinhar as crianças no forno, é empurrada para dentro dele e queima até morrer.

Em "Irmão e Irmã" a bruxa é lançada ao fogo para morrer.

A Rainha de "Branca de Neve" estava saindo do casamento da enteada quando acabou tropeçando num par de botas de ferro que estavam aquecidas em brasa. As botas fixaram-se na rainha e obrigaram-na a dançar, e ela dançou e dançou, até finalmente, cair morta.

As irmãs de Cinderella tem os olhos bicados por passarinhos até cegarem.

O Barba Azul é assassinado com espadas pelos irmãos de sua esposa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Trecho de O Gato de Botas

Meu querido ogro, tenho ouvido por aí umas histórias a teu respeito. Dizei-me lá: é certo que te podes transformar no que quiseres?

- Certíssimo – respondeu o ogro, e transformou-se num leão.

- Isso não vale nada – disse o gatinho. – Qualquer um pode inchar e aparecer maior do que realmente é. Toda a arte está em se tornar menor. Poderias, por exemplo, transformar-te em rato?

- É fácil – respondeu o ogro, e transformou-se num rato.

O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o e desceu logo a abrir a porta, pois naquele momento chegava a carruagem real.

Trecho de O Barba Azul

A princípio não viu coisa alguma, porque as janelas se achavam fechadas; momentos depois começou a notar que o assoalho estava todo coberto de sangue coalhado, no qual se espelhavam os corpos de várias mulheres mortas, presas ao longo das paredes (eram todas mulheres que Barba-Azul desposara e que havia estrangulado). Cuidou morrer de susto, e a chave do gabinete que acabava de retirar da fechadura, caiu-lhe da mão. Após haver recobrado um pouco o ânimo, apanhou a chave, fechou a porta e subiu ao quarto para refazer-se; não o conseguia, porém, devido à sua grande perturbação.
Tendo notado que a chave do gabinete estava manchada de sangue, limpou-a duas ou três vezes, mas o sangue não desaparecia; lavou-a, esfregou-a com sabão e pedra-pomes; debalde: o sangue ficava sempre, pois a chave era fada, e não havia meio de limpá-la inteiramente: quando se tirava o sangue de um lado, ele voltava do outro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Contos de fadas despidos de lições

Em sua forma original, os contos de fadas traziam doses fortes de adultério, incesto, canibalismo e mortes hediondas. Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os contos de fadas eram contados em reuniões sociais, nas salas de fiar, nos campos e em outros ambientes onde os adultos se reuniam. Por isso, muitos dos primeiros contos de fada incluíam exibicionismo, estupro e voyeurismo.

Segundo Cashdan "a crença de que os contos de fada contêm lições pode ser, em parte, creditada a Perrault, cujas histórias vem acompanhadas de divertidas 'morais', muitas das quais inclusive rimadas".

Mas o autor se opõe: "os contos de fada possuem muitos atrativos, mas transmitir lições não é um deles".

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Irmãos Grimm

Em principio, na tradição oral, as histórias compiladas pelos estudiosos não eram destinadas ao público infantil e sim aos adultos. E isso, grande parte do público que acompanha o “Mundo” já sabe. Foram os irmãos Grimm que as dedicaram às crianças por sua tendência em trabalhar a temática mágica e maravilhosa. Eles acabaram unindo esses dois universos: o infantil e o popular e já no 1º título publicado pela dupla, Contos da Criança e do Lar (Kinder und Hausmärchen), de 1812, essa proposta educativa é evidenciada.

E essa abertura só foi possível e influenciada graças ao Romantismo da época que trouxe ao mundo literário (nesse caso, mas específico as narrativas fabulosas) um sentido mais humanístico, deixando de lado o enfoque na violência, tão presente nos contos de Charles Perrault. Sim, porque Perrault visava passar lição de moral à sociedade e responder aos interesses da nobreza através de suas obras, até que começa a perceber que a concorrência cede lugar ao lado maravilhoso da vida nos escritos daquele período.

Pelos irmãos Grimm as histórias passaram a conter desfechos mais suaves, evidenciando a solidariedade e o amor ao próximo. Não que os aspectos negativos tenham se extinguido por completo, não é isso! Eles continuavam presentes nesses contos, porém, existia um predomínio da esperança e a confiança na vida bem mais forte.

Por Cládio Brasil.

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