quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cena da Maçã da Branca de Neve

PS: Os textos aqui inseridos não farão parte da peça, são textos que surgiram no processo.


A cena é sombria. Temos medo da senhora que fala. Ela é gentil, mas horripilante. Não há ninguém em cena além dela. Ela fala voltada para a platéia, mas como se a menina estivesse na sua frente.

VELHA- Menina, você pode oferecer um copo d’água a uma velha senhora cansada? (pausa) Oh, não se assuste criança, sou apenas feia, mas não tenho um corpo que me permita te fazer mal. (pausa) Obrigada, menina. Você é muito gentil. (pausa) Linda criança, é tão bela. Sua feição carrega juntas a pureza e a força. Você pode ser ainda maior, sabia? Com seus sete aninhos de idade você já pode ser a fêmea mais desejável que existe. (pausa) Você quer os conselhos de uma mulher vivida? Aproveite-se disso, garota! Olhe para mim, um dia você vai ser assim, e aí terá que mendigar um copo d’água. Agora veja você, recebendo ajuda de gentis homens a todo o momento, todos prontos a arriscar o próprio pescoço por você. E você nem teve que se esforçar. Dê a eles o que eles querem e você verá tudo o que pode uma pequena menina como você. Mas não ceda a todos, querida, apenas conquiste-os. Você deve continuar sendo um objeto raro, o diamante que causa a guerra por ser prêmio dela. Você pode ter muito mais do que tem conseguido até agora, minha jovem. (pausa) Eu já estou velha e morrerei logo, por isso já está na hora de passar a diante minha sabedoria e minha magia. E você, você tem potencial, minha jovem. Você vai cuidar bem das minhas coisinhas. Tome! Um pente preto como seus cabelos e uma fita branca como a sua pele. Use-os para arrancar toda a energia que existe na sua alma. Lembre-se, pequena, você pode fazer mágica. Ah, eu já ia me esquecendo. Pegue esta maçã. Veja, é tão vermelha quanto as maçãs do seu rosto. Esta é a fruta do amor, querida, de hoje em diante a fruta da qual você se alimenta, e a fruta da qual você oferece.

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