sábado, 29 de novembro de 2008

As ruas de Bagdá ou Aranha marrom não usa Roberto Carlos


As ruas de Bagdá ou Aranha marrom não usa Roberto Carlos é um espetáculo sobre as várias visões que podemos ter sobre uma mesma situação, revelando um jogo ora divertido ora reflexivo. Poético e não realista, o público caminhará sob o fluxo do pensamento, como insights, flashes que se cruzam e permeiam uma só questão: O que vemos é realidade ou ilusão?
É um jogo interessante, parte cômico, parte trágico, que apresenta na metáfora da aranha, com até 08 olhos, as várias possibilidades de visões que temos e oferecemos o tempo inteiro. Parte-se do pressuposto de que a realidade é algo tão pessoal e único como as impressões digitais.
O texto surgiu, como um meio da ACRUEL Companhia de Teatro falar do cotidiano, de nossos questionamentos e visões sobre ele. Discussões tomadas de forma múltipla, pela própria subjetividade de cada componente do grupo, que se coloca e vê de forma diferente o mundo, resulta numa dramaturgia criada colaborativamente - através de source-work, improvisações e escrita automática.
O espetáculo já teve uma pré-estréia na 4ª Mostra Cena Breve em Curitiba, onde teve uma ótima recepção da crítica.

Crítica: Mistura e Manda por Valmir Santos


As colagens com imagens projetadas ao fundo em diálogo com o texto que tem as manhas de antagonizar “maçaroca” e “muriçoca” sem perder a elegância remeteram de chofre à escrita icônica de Valêncio Xavier no seu excepcional Mez da grippe, dos anos 80, livro que inclusive ganhou versão para o palco em julho passado, no Novelas Curitibanas, pela Pausa Companhia e direção do convidado Moacir Chaves, do Rio.
Deixou boa impressão, para não perder o trocadilho, a participação da recém-nascida e curitibana ACRUEL Companhia de Teatro com a cena Aranha marrom não usa Roberto Carlos. As atrizes-criadoras Emanuelle Sotoski, Lígia Oliveira e Rubia Romani poderiam sucumbir à muleta da projeção de imagem. A sinopse até sugere uma poluição visual com o bombardeio de informações na ordem do dia, mas a grata surpresa é que o trabalho transcendeu à própria teia que vem tecendo.
“As palavras começa a me faltar. Precisamos nos comunicar por pensamentos. Me ouçam”, diz uma das intérpretes em certa passagem, pelo menos é o que deu para anotar. A dramaturgia não é um tobogã para deslizar os lugares-comuns. Antes, faz destes uma angústia existencial interdita, sufocada pelo tudo para ontem na era das tecnologias digitais.
A correção dos figurinos e gestual alinhados de aeromoça, na abertura, carregando suas malas cheias de cebolas picotadas em seguida, causam estranhamento que abrem os códigos da fragmentação narrativa. A apropriação do kitsch televisivo, dos clichês da sedução publicitária, adicionam critica à irreverência explícita. Que essa dramaturgia colaborativa estilhaçada, sem ser inorgânica, consiga ser mantida na constituição da peça propriamente dita. Há que ser cruel sem perder a brochura. Ah, sim, e encontrar a projeção de voz que falta quando a moça fala do fundo do palco e nos sopra fiapos.

Valmir Santos cobriu teatro para a Folha de São Paulo (1998 - 2008). Colabora com críticas para a Revista Bravo!. Integra o júri paulista para o Prêmio Shell de Teatro.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sobre Velhas e Novas Fotos - Da teia de Bagdá a Mosca na Sopa






Aranha não é pirata, aranha não faz guerra. Nem tudo é o que seus olham vêem. Aranha não é pirata, aranha não faz guerra. Emaranhados de fios que deveriam levar luz acabam levando escuridão, aranha não faz pirataria, aranha não faz guerra. Quem sofre com a escuridão provocada pela longa teia elétrica não é vilão, nem mesmo é pirata, mas é vitima, é triste, é mosca presa na teia da guerra. Pirata rouba ladrão, pirata rouba mocinho, pirata rouba de tudo, seja no mar ou seja na terra. Pirata também faz teia, mas pirata não é aranha, pirata não tem oito olhos , não tem pernas e nem come mosca. Já a mosca é secundária nessa teia falsificada, mas ela também tem olhos, milhões de olhos divididos em dois, mas a mosca não é aranha, nem mesmo é pirata, a mosca é apenas vítima da guerra. Olhando com outros olhos aquela teia colossal, não é coisa de pirata, nem é coisa de aranha, mas é o fardo da guerra. Curioso mesmo, é que a teia, que pode ser da aranha, do pirata ou da guerra, pega sempre a mesma mosca, com milhões de olhos representados em dois e milhares de cidades representadas em uma. Como fazer para aliviar o sofrimento do mísero inseto? Talvez torcer para que o mundo pare de se preocupar com a teia, e comece a se preocupar com a mosca, seja ela vítima da aranha, do pirata ou da guerra. Alguém pode, por favor, acender a luz?

Fale com a minha mão!

- Então mão direita? Nada como um dia após o outro. Justo você que sempre me criticava de ser tão controladora, não é que comete o mesmo mal?
- Não me amole, de todos os meus problemas o que menos me preocupa é o seu sarcasmo.
- Hahaha. Que bom que o mundo gira. Tome cuidada mão direita, para resolver os seus graves problemas está utilizando os meus princípios, outrora tão criticados pela sua intelectualidade e que após esta turbulência pode lhe provocar uma grande dor de cabeça. Algo como uma ressaca mental.
- Você fala como se nunca tivesse errado. Você só sabe de teoria e no fundo inveja minha praticidade que fez o tal mundo girar.
- Isso são coisas dos seus olhos. Seus mesmos olhos que me acusava de pedófilo, de drogado, de robô.
- Pois, ora, mão esquerda, se seu mundo fosse perfeito não estaria sentada em ruínas, torcendo para que meu destino seja igual ao seu.
- No meu ponto de vista o seu mundo já era, enquanto meu mundo nunca foi, mas será, no futuro do indicativo.
- Pois bem, por isso o homem, como ser humano, primata, tem dois olhos. Um olho para cada mão.
- No meu olho você está patética neste disfarce de mão esquerda.
- No meu olho, o seu fracasso foi o melhor que poderia ocorrer à humanidade. Como queria que prosseguisse a complexidade das relações sob a égide da sua batuta?
- Eu nunca fracassei, se quer estive próximo das relações ideais. Fui envenenado antes pelo seu veneno negro, que até hoje atinge os meus restos mortais.
- É fácil me culpar. Porque não culpa a mente humana pelo seu fracasso.
- Já disse que nunca fracassei.
- Isso depende do olho. Cada mão com o seu olho.
- Pois bem, e é melhor assim, olho direito para mão direita, olho esquerdo para a mão esquerda. Assim como a aranha que tem oito olhos para as suas oito patas, o ser humano tem dois olhos para suas duas mãos.
- Lá vem você querendo controlar tudo de novo. Quem disse que o ser humano tem apenas dois olhos.
- O do século XX tinha.
- E o homem do século XXI?
- Esse talvez só tenha um olho...o seu.
- E tomara que continue assim. Mundo moderno benzinho.
- Quem é você pra me falar de modernidade?
- Sou a mão do século XXI
- Depois desse seu descontrole de tentar controlar, tome cuidado. Rompimentos de paradigmas geram marcas que nem mesmo o seu dinheiro pode curar. Surgirão outras mãos, ainda neste século, e quem sabe até eu retorne?
- Então volte como outro olho, esse seu já ta gasto.
- Mas me resta alguma coisa para ver o seu declínio.
- Tá gasto e burro. Realmente crê que este é o fim? Já passei por coisas piores.
- Mas nunca foi controladora.
- Já fui, só adicionei o Neo e fingi que não era comigo.
- E o que vai fazer agora? Colocar o fim?
- Isto é relativo. Talvez eu ponha um acento, mas não se preocupe, o meu mundo se auto-sustenta.
- Isso são coisas dos seus olhos Torcerei para que neste século, as mãos vindouras não cometam nossos erros.
- É...talvez sim, talvez não. Quem sabe no seu olho, talvez um dia, você entenda que eu nunca estive tão errada?
- Mas precisava causar tanto sofrimento?
- Faço a mesma pergunta pra você...

Pedro Paulo Beaklini

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Tudo está de cabeça para baixo

Os esquimós: sabe como eles imaginam o Inferno? Gelado.
E os russos: sabe como eles chamam a Montanha Russa? Montanha Americana.
E os peixes: sabe o que eles fazem quando vêm à tona? Eles prendem a respiração.

Márcio Mattana

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Nós vemos o passado. A velocidade da luz não é infinita. Para uma pessoa ver alguma coisa, é necessário que a luz reflita no objeto até chegar aos seus olhos. Mesmo quando vemos objetos que têm luz própria, vemos sua emissão de milésimos de segundos no passado. No caso de estrelas, este segundo se transforma em minutos, horas, dias, meses e anos. Milhares de anos, quando estes objetos são galáxias. Nós sempre vemos o passado, quanto mais longe o objeto, mais tempo demora para a luz atingir o nossos olhos. Se o sol se apagar, viveremos 8 minutos de ignorância, seguindo nossas vidas sem preocupação, até que toda terra se escureça. Sempre que olhamos o sol, olhamos o passado, sendo o mesmo valido quando olhamos a noite. Alias, o sol é o principal motivo para que enxerguemos na faixa visível do espectro. Não é coincidência o máximo de emissão do sol ocorrer nos mesmos comprimentos de onda em que são capazes de detectar os olhos de todos os seres vivos da terra. Mesmo que nenhum bicho tenha visão igual a nenhum bicho, nem mesmo um ser humano tem visão igual a um ser humano. O que temos de parecido é o tempo em que a imagem permanece fixa em nossa retina. Graças a esse fenômeno que existem os filmes, os desenhos e a mágicas, que brincam com a sucessão de movimentos que conseguimos ou não enxergar. Assim como o ventilador girando na mesma freqüência do piscar de uma luz parece parado, uma sucessão de imagens paradas cria um movimento perfeito, se considerando o intervalo em que a imagem fica fixa em nossa retina. O fato, que não vemos só com olhos. O fato, é que vemos sempre o passado, até quando não usamos os olhos. A quem não crê nessa informação, não afobe, não há problema, afinal o tempo é relativo, assim como é relativa a visão de cada olho.

Pedro Paulo Beaklini

Meio

A narrativa podia acabar no meio. porque se ela começa no fim a ordem dos fatores não alterará o produto. Até porque ele já é conhecido. Porque na verdade ele é que vem antes.

Eu lembro o dia em que caminhávamos. Tínhamos algo em comum, Seu lenço da cor de minha blusa . E fazíamos o par perfeito Vinho tinto e verde alface. Você me buscava. Não queria que eu fosse alem. Tudo era jogo. Os pequenos e grandes mistérios eram ditos com o olhar. Não nada de rebeldia. eu só queria viver como quisessem. Sem me preocupar com nada. So queira Ver.

Gosto muito de fotografia a algo dentro daquela câmera escura que me prende. Começo e não termino mais. sempre quero mais uma foto. Seus pés ficam lindos em um fundo branco. E há um momento em que a câmera dispara sem meu controle. Eu gosto do recorte que aquele momento traz. Não importa o que vem antes ou depois. Gosto desse momento. Sem nada, só ele e pronto. O meu meio. Os meus meios são vários. Um atrás do outro, mas nenhum veio primeiro. Estão todos ali, misturados, em meio a tudo.
Eu gosto de olhar e me intrometer em tudo isso com uma lente que não me pertence. E um dia a historia será contada sob meu ponto de vista. E você dirá que na verdade não era assim, mas não importa porque palavras me dizem pouco que importa são imagens. Sou como são Tomé preciso ver para crer. Tenho um grande olho que capta tudo. Zoom de mais de 20X. posso ver alem. Não precisa explicar nada. O que quero na verdade é a lagrima que escorrerá.

Emanuelle Sotoski

domingo, 28 de setembro de 2008

enquanto você dormia













- Passei suas roupas todas antes de você acordar.
- (não responde)
- Todo dia eu passo minha vida a limpo, no ferro de passar.
- (não responde)
- Eu sei. A maior parte da vida nem está amassada.

Corte cinematográfico.
Tudo girando, como num parque de diversões, acelerando, acelerando, mais rápido, vocês no parque de diversão, barulho ao longe, talvez de crianças num chapéu mexicano ou montanha russa. Cartão postal, férias com a família, cachorro-quente e pipoca, cheiros e cores, tudo meio confuso como num flash – um flash é uma boa imagem – é isto – um flash – disso tudo – bem rápido acelerando e então suspende – Brusco.

Uma Pausa.
Longa.

Detalhe da mão segurando o bastão de algodão doce. Silêncio como num filme antigo. Eisenstein. Detalhe da outra mão segurando o balão de gás – não, não o balão – a cordinha do balão – a cordinha na mão, esticada pra cima, dando a entender que sustenta um balão de gás. Silêncio.

Corte.
Corte cinematográfico e uma mão alisa o seu cabelo. Uma mão macia. Música. Um cafuné com trilha sonora, um cafuné – uma seqüência inteira de cafuné, meio em câmera lenta, quase uma coreografia – sim, na verdade quase um balé-cafuné, e a trilha sonora vai crescendo, mãos e cabelos.

Corte.
De novo o detalhe do algodão doce, outra vez a cordinha do balão de gás. Nenhuma música aqui. Ruídos do ambiente, mas bem fraquinhos. Olhar pra dentro. Sangue correndo nas veias, alimentando e irrigando órgãos internos e o som ambiente baixinho. Um pulmão em plena atividade e ao longe a voz da tia do cachorro quente e os gritinhos vindos do chapéu mexicano.

Ou montanha russa.

Ou não.
Nenhuma imagem interna, apenas o blecaute e os sons.

Corte.
Agora parece uma cena de diálogo da qual foi tirado o áudio. Não se ouve o que uma diz. A outra fica calada e parece entender. Nesta seqüência não há música, nem balão de gás, nem chapéu mexicano, nem cachorro quente.


Nota para a iluminação: todas as cenas externas são claras. As internas são escuras.

sábado, 27 de setembro de 2008

não, não são as mesmas...

As ruas de Bagdá não são as mesmas, hoje enquanto dormia coloquei aquele velho tênis azul de corrida e corri muito por todas as ruas próximas, corri por outras distantes também. E volto a falar, a ruas de Bagdá não são as mesmas, hoje enquanto dormia corri na padaria para te trazer pão quente, corri porque o pão não podia chegar frio em casa, senão melhor não trazê-lo.
Corri enquanto dormia porque pensei em tudo o que deveria dizer, mas tudo passava tão rápido por mim que cheguei em casa e não lembrava de uma palavra sequer.
Dormia enquanto corri sem rumo. As ruas de Bagdá não são as mesmas, tudo parece que está prestes a explodir, e não se preocupe, saio correndo antes para ver se há perigo. Do meu lado explodiu uma criança hoje, podia ter sido você, mas você ainda esta em casa esperando que eu chegue com a vela, já disse que o pavio queimou, essa brasa não será o suficiente pra enxergar tudo o que eu quero ver.
Hoje explodiu o portão da nossa casa, ainda quer ficar, ainda vai fingir que nada acontece?
Você diz que olha por onde anda... mas já viu o portão da nossa casa? Não me venha com a desculpa da luz novamente, eu consigo ver.. você vai querer olhar?
Você já sabe o que fazer, passou todas as minhas roupas enquanto eu dormia.

mãos cegas

A falta de luz me faz mapear seu corpo com as mãos, essas mãos que olham mais do que seus olhos grandes em cima de mim. Busquei te tocar cada vez mais e... e como plugamos os fios nos lugares certos... Agora não há lugar para mais fios, mais tomadas, mais resoluções. Tudo virou uma cama de gato. Minhas mãos calejaram, sinto dor de te tocar, não te vejo mais. Corro então...não era aqui que deveríamos estar. Você pra cá e eu pra lá de Bagdá, sabendo que o tempo escasso que temos é contado por uma máquina, não é para sentirmos nada, você com tantos olhos e eu cega... fique com meus olhos, se quiser fique com minhas mãos também, assim que terminarmos farei um transplante de córneas.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

a arte subverte a linguagem porque antecipa o próximo sistema de linguagem

Nós vivemos em um mundo em que tudo é puro discurso. A realidade não é objeto, e sim o objeto representado. Eu represento qualquer coisa através do discurso bem elaborado. E isso implica na fragilidade da verdade. Porque as coisas são voláteis, são instáveis.

O real é aquilo que escapa à linguagem.

A imagem que nós temos de nós mesmos é algo construído. Não nos enxergamos. Só podemos ver o outro. A nossa auto-imagem é mediada pelo espelho.

Só é possível haver comunicação quando emissor e receptor interpretam signos dentro de um mesmo código. A língua, por exemplo, é um código. Pois código é um conjunto organizado - sistema - de sons, imagens, signos. Mas se o código é social e histórico raramente partilhamos do mesmo. Isso gera o ruído.

"A palavra é a morte da coisa", Foucault
"A linguagem é fonte de mal-entendidos." Pequeno Príncipe
"Todo texto carrega uma contradição", Bahktin
"O herói virou um homem fragmentado", McLuhan

Nina Rosa Sá

O HERÓI VIROU UM HOMEM FRAGMENTADO

Eu sei que tudo isso começou assim porque eu te causei uma espécie de fascínio imagético. Porque eu te hipnotizei, como se hipnotiza uma serpente com o som da flauta. Eu te fascinei com a imagem que eu projetei pra você a partir do que eu sou, do que eu era. E você ficou paralisada. Presa. Mas esse tipo de fascínio passa. Você se libertou de mim. Você se libertou quando percebeu que a imagem não era a essência. E eu sei que essa mala embaixo da cama está aí há muito mais tempo de forma não-concreta. A idéia da mala está aí desde que a imagem se dissolveu. E isso já faz muito tempo. Muito mais tempo do que o dia em que você tirou todas as roupas do armário, colocou-as na mala e escondeu tudo debaixo da cama. Concretamente isso aconteceu apenas na semana passada. Mas nós sabemos que essa mala está aí há vários meses.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cai a luz

- Minhas mãos estão ardendo.
- Venha deitar. Você teceu demais ontem.
- Não posso. É hora de começar. E agora que sei... simplesmente não posso.
- Eu me preocupo.
- É meu dever. Não posso deixar que você me impeça.
- Claro... (pausa) Você deve compreender meu amor. É um caso de sobrevivência.
- Se você construisse sua própria teia...
- Você sabe meu amor. Não é da minha natureza. Além do que mais, eu não quero trocar minha vida pela sua.
- Desculpe. Apenas não é uma questão de escolha. Eu preciso fazê-lo.
- Bom, eu ainda posso tentar... nos salvar na luz.
- Por que você está fazendo isso? Você sabe. Eu trabalho o dia todo. Você tem apenas duas horas. Pra que adiar?
- Eu não sei exatamente. (pausa) Talvez seja por quantas mais 22 horas eu estiver com você. Talvez eu seja um mártir. Talvez goste de desafios. Ou tenha orgulho de ser uma presa grande; frutífera e protéica. Talvez tenha nojo de tudo isso e seja doente. Eu não sei. Apenas preciso fazê-lo. (pausa). Venha, me abrace. Ah, não chore, meu amor. Shiii... Eu ainda estou aqui. Temos 22 horas agora.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

um certo homem maquina


Tudo começa como começa qualquer historia. Do nada pessoas se reúnem em busca de uma aventura. Elas terão altos e baixos. E haverá momentos em que se suporá que não chegaram ao fim. Mas no fim farão algo fantástico. Elas não sabem e por isso sofrerão. Mas já está tudo escrito. E dentro de 6 meses tudo em suas vidas irá mudar. Mas antes de começarmos a aventura férias porque ninguém é maquina. A não ser um futuro conhecido.
Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. Prontas pra começar?
- ainda não.
-por que?
- peguei varicela.
Quando voltei tudo tinha mudado. Alguém fazendo campanha política, outras atrás das mulheres de Picasso ou Vincius.
Es então que surge nosso Deus tocando ao fundo Enia e tudo o que tiver direito – Nina Rosa Sá. Com nosso ex-futuro conhecido agora atual senhor maquina. E ela não tinha se afogado. E o seu coração era um relógio. Naquele instante meu coração bateu mais forte, ou foi o cérebro? As vezes a coisas que vc não entende mas mesmo assim te pegam.
Lembro de cada carinha. E se fossemos desenhos animados a Thaisa teria concerteza no lugar da cabeça um ponto de interrogação.
Apresentados os personagens passaremos ao próximo capitulo. AS RAIAS.
Sim nos fazíamos montinhos e adorávamos os abraços não eram nada mal. E as imagens – corre, anda, deita, pula, pula, pula, pula, não isso é outra peça. Mas o que é mesmo que heiner muller queria dizer? Cri. Cri. Cri. Mas o que é mesmo que nos queríamos dizer? As paredes se destroem entre nos. E no meio de tudo isso SP. 1 vez por mês lá e outra cá. Não, não era o masp é só uma torre vermelha. E andar das clinicas ao trianon foi moleza. Queria ter ido ate o fim- da paulista.É já faz 2 anos. O mais surpreendente de tudo foi que na Sé encontrei o Suplicy. As lembranças ficaram meio escuras, mas ainda estão aqui. É só puxar uma que elas voltam.
Capitulo 3: Não vai dar certo.
Ensaios cancelados, atrasos e paciência, muita, muita, muita paciência. Mas vc lembra das imagens?
Catchup/ livros/ peixes/ melancia/ cruz. Ah tinha também o frango assado, farofa só lá no final. Sapatos/carne/ tic-tac/ki-suco. Ingerimos tudo erguemos as mãos pro céu e demos gloria a Deus. Afinal estávamos fudidas e mal pagas, ou melhor, estávamos pagando pra fazer tudo isso. Enquanto uns tem demais outros.... e por isso vieram os tombos. Como o da Ligia no corredor. Não menina ai não é lugar de ensaiar.
Chega o momento de nossa pausa Dramática . Ele geralmente vem antes de um momento importante, um momento que se deseja que todos prestem atenção. O momento de um silêncio ensurdecedor. Não nessa pausa não há silencio.
- Vamos é preciso encher os pulmões. 1 , 2, 3. Eles já não tem força e cada enchida é mais espaçada. E não é o silencio que ensurdece. É o barulho. Tudo que eu queria era gritar bem alto PARA.Acabou não há mais nada a fazer. Agora só me resta fugir para não ver o que vem a seguir. A dor vai junto. 1/2/3 piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
E tudo que eu não queria era cantar: _ Dorme minha pequena...
Eu sai por ai e quando voltei havia um abraço. Que não esperava precisar. E é com esse abraço que termino essa pausa porque depois disso nada é igual.
A peça já tinha estrutura. O balé precisava de ensaio, mas pra uma punk nada é impossível. Sim, vc vai ser uma emo Ligia. Peruca rosa e cabelão. Em duas semanas de ensaios em um certo teatro de manha. Muitas risadas. E dor. Mas conseguimos manter a pose. por varias musicas. Eu falei que a gente teria muitas quedas.( não os pequenos cisnes não cairão . quase mas só depois do catchup).
Vocês sabem que precisam de direitos.
-não recuso os meus. Brigada.
Não deu. E mister sorrisinho no fundo teve uma pontinha de culpa. Mas so la no fundinho. Embroilios , mas tudo resolvido se não fosse uma espécie a qual não lhe agrada Roberto Carlos. Calma nada vai se putrefazer.
- você me deixou aqui pra morrer
-ah?
- você me deixou aqui pra morrer?
-Eu te deixei e fui correr?
- vocês me entendem ne?
- não, não entendo. Acho que vc tomou morfina demais..
- eu so quero chorar.
- não tem que fazer a farofa
no final viramos um grupo musical. Capa do disco ficou ótima.
E essa peça na verdade era um roteiro gastronômico e tudo sempre terminava com café.

Emanuelle Sotoski

Xuxa


E se a Xuxa casasse com o Pelé. Quem seria o rei dos baixinhos?
- O Maradona

É. Isso é multiolhar.

Sim, porque alguns vêm a Juliana Paes, outros um chinelo ou só a infância. E isso tudo é multiolhar.

Há coisas que não precisam ser ditas

Há coisas que não precisam ser ditas. Estão todas ali. Vc tem todo o material de que precisa. E como num quebra-cabeça vai montando peça por peça. Mas aqui não há regras, vc organiza como quiser. As escolhas são suas.

Por favor, não me diga com palavras. Não com as óbvias. Eu quero o inesperado. Eu não preciso ver sangue pra ver que acabou, balas já me dizem isso.

No fundo eu não quero que vc me diga nada. Quero que vc se vá. Simplesmente desapareça. Pronto. Acabou. E só assim poderei sonhar. Pensando que na verdade vc não me deixou. Não. Na verdade você foi atingida após uma batida violenta entre dois carros em que um deles perdeu o controle enquanto atendia a uma ligação boba, nada importante demais. E que enquanto os carros viravam na da pista, tudo que vc tentava era se proteger. Mas o um dos pára-choques, que agora não vem ao caso qual, atingiu suas pernas. E seu corpo foi projetado pra cima. Vc voou por alguns segundos. Na queda, seu crânio não foi forte o suficiente pra suportar o choque. Provocando uma rachadura que fez seu cérebro desmanchar na pista em meio a vidros quebrados e sangue. Uma morte instantânea e sem despedidas. Essa é uma possibilidade que não descarta a em que você pode ter tomado um copo de veneno que não era pra vc. Simples e letal. Sim, eu poderia facilmente pensar assim. Mesmo com os armários limpos.

A minha imaginação preencheria as lacunas como eu quisesse. No fundo eu espero que vc não diga. A coisas já são óbvias demais.

Emanuelle Sotoski

Não. Isso não terá um final feliz

Não. Isso não terá um final feliz.
Eu e vc sabemos disso.
É, isso é o fim.
E a narrativa começa aqui.
Agora só falta o adeus, que terá que esperar até amanhã.
Agora é tarde.
Anoiteceu.
Não há mais tempo.
Não se vê muito além.
Eu e vc sabemos o que vai acontecer.
Não estamos envolvidas.
Assim é mais fácil.
Ver de outro ponto é sempre assim.
O referencial não é o mesmo.
É isso muda tudo.
Não sei mais o que é esquerda ou direita.
Só o que é certo.
Sim, torcemos por uma reviravolta.
Porque de longe tudo é lindo.
Depois de uma longa discussão a porta vai abrindo pra alguém sair, então se fecha abruptamente. E vem um beijo. Ele não é comum, parece em câmera lenta, um pouco mais próximo que o normal. Nas janelas se vêem gotas de chuva escorrendo. A trilha sonora cada um escolhe a sua.
Mas nada disso acontece, a porta bate, cada um vai pro seu lado.
E, olhando de dentro, talvez esse seja o final feliz.

Emanuelle Sotoski

Ver

Ver.
Hoje não vejo nada e acho que isso é visível.
Algo me tapa a visão.
Não, não é um tapa olho.
Meus sentidos estão comprometidos.
Já não ouço direito, o paladar não é um espetáculo, os outros eu não lembro. Só que são 5 .
Não, eu não sou o menininho do filme. Porque todo mundo morre e pronto.
As lacunas existem. Depois é só organizar tudo isso como quiser.
Eu te vi Dona aranha e vc tinha as 8 patas.
Distúrbios: Psicológicos, Digestivos, Visionários: Não vejo o que vem pela frente.
Eu odeio quando a luz pisca. Mas é preciso preencher as lacunas.
Monto a minha própria TV. Ela não é automática, nem digital. É visual. É preciso muita força pra ela continuar existindo. Vc fez um programa. Vc não era a baba do Caco. Mas só tinha pernas. E isso bastava.
Cada vez menor, e menor, e menor.
- Eu tô virando criança.
- Não, é só o filme acabando.
- Mas ainda quero dançar.
- Então eu filmarei. Pra ficar pra posteridade. Porque depois tudo acaba e pronto.

Emanuelle Sotoski

em qual parte do pé eu encontro o ponto remedial dos olhos?


por favor, alguém acende a luz?
eu tenho apenas 15 minutos e por isso eu corro, eu corro muito pra chegar a tempo... os pés são olhos e o pensamento os pés... eu corro muito. tem que dar tempo!!!ela tem preceitos: somente olhos nos olhos! e por isso eu twnho pouco tempo, apesar de saber que o que olhos não vêem o coração não sente!!! por isso eu prefiro o escuro. eu tenho certeza que a dor vai ser menor! você sabe quais as palavras! você sabe da mala pronta embaixo da cama. e o tempo é muito curto. porque^porque eu tentei arrumar os fios e fazer as coisas se acertarem, mas não, eu levaria décadas... e você não possui mãos habilidosas nem pra acertar os ponteiros do relógio! eu corro, eu corro muto... eu fecho so olhos pra esquecer a dor! tem que ser hoje, e o dia ta acabando...
penso na lâmpada pra trocar, no interruptor pra consertar, na vela sem pavio e então o teu olhar na penumbra da casa me barra: hojee é tarde demais... dois minutos e a luz se foi. a mala continua embaixo da cama, e você sabe: só olhos nos olhos.
- venha dormir, já está tarde... você me parece cansada, o dia foi cansativo?

uma lágrima no olho esquerdo responde tudo.
- não foi nada! só o relógio que insiste em mudar os ponteiros de lugar.

Ligia

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

SPIDER FITNESS









A aranha no centro do toca-discos
E um som do Djavan rodando sem parar


SESSÃO PIPOCA

Virei estátua de sal
no cinema 360 graus.
Não pude ir adiante
sem olhar pra trás.

EFEITO ESTROBOSCÓPICO


Pisca – pisca – pisca – pisca – pisca – pisca – pisca.
O que é um frame pra quem está piscando?

TODOS OS OLHOS



Olhei seu sorriso e achei que vi um sorriso. Olhei seus olhos e achei que era pra mim. Não vi mais ninguém, perdi o foco – eu sou assim, num piscar de olhos me deixo pegar. Não me olhe desse jeito, não veja isso como um problema – não se sinta responsável – não sou raposa, nem você é príncipe, nem ninguém é responsável por aquilo que cativa. Não olhe pra trás, o que foi já foi, eu estou aqui parada, mas, se fechar os olhos, estarei em muitos lugares, assim mesmo, num piscar de olhos. As coisas não são o que parecem, tudo é o que se quer ver, pra ver outra coisa basta dar a volta, atrás da escola está o traficante, acima do cenário está o urdimento, debaixo do tapete está a sujeira, os lactobacilos são bactérias ou são yakult?, tudo depende de o que se vê, de pra onde se olha, de como se quer ver as coisas, eu tenho muitos olhos, eu não tenho olhos só pra você – eu sei, eu pareço volúvel – com um olho eu choro, os outros eu pinto pro baile. Atrás do baile tem a cozinha do baile, se você visse a cozinha não comeria esta esfiha, o que é diversão pra uns é trabalho pros outros, quem trabalha no que gosta economiza os olhos, eu uso óculos porque acho charmoso, faz parte deste meu jeito, é assim que eu quero ser vista, como você pode ver eu me ligo um pouco em aparências, mas – no fundo, no fundo – meu olhar interior é bem generoso – não sei, soa meio presunçoso isso, mas alguém me disse e eu achei bonito – repeti – desculpe – perdi o foco de novo, viu? – muitos olhos, é fácil perder o foco – óculos multifocais, eu uso eles pra ler, pra ler este seu sorriso e esta pequena lágrima escondida no canto do seu olho, pronta pra pular e me afogar – eu não vou me afogar – não vou te afagar nem te bater. Pode ir chorar escondido dos meus olhos – eu sei que deixo as pessoas constrangidas como se todos os olhos estivessem olhando – haja talento pra tantas câmeras – haja ângulos bons pra mostrar – mas eu juro, sou boa fotógrafa e o resto a gente resolve no photoshop.

Márcio Mattana

terça-feira, 16 de setembro de 2008

De como sou aderente.


São seis pernas pra dar firmeza. São seis pés plantados no chão. Nas paredes. No teto. Pra que eu possa ir às alturas. Segura.
Eu adiro aos esportes radicais.
Eu adiro ao Bungee Jump. E eu gosto de ficar de ponta cabeça. Afinal eu tenho minha teia... Afinal estou amarrada pelas pernas por uma corda que agüentaria toneladas. Muitas vezes o meu peso. Então eu pulo de Bungee Jump. Contando que tenha um colchão inflado lá embaixo. Aí eu me jogo. Se jogar é bom. Quando você tem uma teia de segurança e seis patas com intensa aderência.
E eu sou aderente ao rapel. Porque eu gosto de atividades verticais. E eu tenho minha teia. Estou amarrada pelo quadril por uma corda que agüentaria toneladas. Muitas vezes o meu peso. Aí eu faço rapel. Desço rapidão lá de cima. Quase que caindo. Porque eu gosto de alturas. É gostoso cair. Quando você tem uma teia de segurança e seis patas com intensa aderência.

Ana Ferreira

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O VELUDO DA FALA

A – E se o Djavan morresse?
C – Seria lembrado.
B – Não sei. Memória é uma coisa falha.
A – Por quê?
B – Cada pensamento é uma queda de braço.
...
C – Uma queda de braço?
B – Uma queda de braço com um antigo pensamento. Pra ver quem permanece.
...
A – E a aranha?
B – A aranha o quê?
A – E se a aranha morresse?
...
B – Nada.
A – Nada?
B – Nada, nada, nada.
C – Nada, de vazio?
B – Nada, de nada. A aranha morre, e pronto.
...
A – E a pedra?
C – É, e se a pedra morresse?
B – A pedra não nasce nem morre.


“Diz que pedra não fala.
Que dirá se falasse.”
Djavan

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Enfim sós

- Eu sempre quis alguém pra me carregar.
- Toma isso. Coloca na tomada. E quando acender a luz verde você tira da tomada. E pronto. Carregada.
- Mas e a frase?
- Que frase?
- Enfim sós. Eu queria que alguém me carregasse e me dissesse: "Enfim sós".
- Você está carregada, não está?
- Sim, estou.
- Então agora eu tenho que ir embora.
- Mas e a frase?
- Tira do plural.

Uyara Torrente

santa moderna

- E se existisse uma santa moderna?
- Uma santa moderna?
- Sim. Seria mais fácil de atingir a população.
- Sim. Ela seria pop.
- Por quê pop?
- Porque ela teria um monte de fios e cada fio teria uma entrada pra plugar em alguém. Entende? Conexão.
- É isso. Uma santa moderna que oferece conexão através dos fios. E pronto. Tá todo mundo abençoado.
- Só isso? Que rápido! Que prático!
- Mundo moderno, benzinho.

Uyara Torrente

SPIDERMAN! SPIDERMAN!

O que a aranha vê de olho fechado?
As pálpebras.
Mas aranha tem pálpebra?
E o peixe - que não tem pálpebra - pára de olhar em algum momento?

****

A aranha pesca.
Mas não pesca peixe.
Por que?
Porque o peixe tá de olhos abertos.

****

Se a teia é o anzol o que é a isca?
Se a teia é a isca o que é o anzol?
Já imaginou? A aranha com roupinha puída e chapéu de pescador?

****

1- Ok. Já sabemos que a aranha vê uma porção de coisas.
2- Mas o que será que a aranha escuta?
1- Será que ela gosta dos Beatles?
2- Deve gostar. Todo mundo gosta dos Beatles.
1- Ainda mais porque besouros são deliciosamente crocantes.
2- Aranha come besouro?
1- Dependendo do tamanho...
2- Da aranha ou do besouro?
1- Depende...

****

A- Aranha fica doente?
B- Não. Aranha morre e pronto.
A- Será que a aranha pensa esteticamente na teia como eu penso?
B- Vai saber...

A- Aranha tem alma? Vai pros Céus? Acredita em Deus, Jesus, Maria e todos os santos?
B- Não. Aranha morre e pronto.

****

Se a aranha quisesse andar de patins iria pagar tão mais caro por isso...

(cantando)
SPIDERMAN! SPIDERMAN!

A
aranha deve preferir heróis da Marvel.

Eu vou comprar uma camiseta do Homem-Aranha pra usar durante temporada.

E se a aranha cantasse?

"SPIDERMAN! SPIDERMAN!"

A- Será que a aranha gosta de desenho japonês?
B- Não. Só dos heróis da Marvel.
A- Veneno de aranha é ácido, básico ou neutro?
B- A aranha tem o mesmo problema da barata de ficar de barriga pra cima e não conseguir mais voltar?

****



Eu sempre imaginei que a Dona Aranha da música acabasse no inferno...
Mas aranha tem alma?
Não. Aranha morre e pronto.

****

Cansei de existir. Acho que todo mundo deveria brigar por uma existência mais doce.

Cansei de enrolar fios e contar máquinas. Cansei de pensar naquilo que se conecta.

A aranha em rede.
A aranha na rede.
A aranha de férias.
A aranha numa existência mais doce.
A aranha pescando com um pirulito na boca e a alma em paz.
A aranha se chama Owen.

PÁRA DE PROJETAR O SEU IDEAL NA ARANHA.

Nina Rosa Sá

VOCÊS ESTAVAM PENSANDO EM EQUILÍBRIO?

eu ando como a aranha eu sou a aranha andando pelas paredes me assusta eu começo sem as mãos ela parte pra outra aranha brinca como na minha sombra engulo o fluxo refluxo

o fio que não se conecta ao fio que se conecta à rede.

****

Se a direção do movimento é sempre em relação ao tronco, qual é a direção do meu movimento quando o meu tronco fica se movendo? Pra onde apontam meus pés? Frente? Direita? Frente? Esquerda?

Aquilo que se balança eu balanço e parece olhar pra mim.

Brincando com equilíbrio. O mosquito está preso à teia.

O cowboy solitário com sua corda. O fio. Que prende. Que laça. Laça o outro objeto. Laça o outro-objeto. Que se conecta. Entra em rede. WEB. Teia. Eu sou a teia.

Toda ação provoca uma reação igual e contrária.

Eu meço a rede. Teoria do esforço repetitivo. Cabo de guerra.

O que eu laço quando eu laço o outro que me laça enquanto eu laço o espaço?

****

Muitos fios tendem a produzir uma teia maior. Mas essa teia (emaranhado de fios) se faz e desfaz. Expande e retrai. É uma teia de fios em rede. Alguns conectados. Outros não. Acesso discado. Via cabo. ADSL. Essa rede é esticada. A coroa de Cristo. Como espinhos. Os fios se modelam em qualquer coisa. Viram rede. Cenário. Figurino. Ligação entre os atuantes. Cabo de guerra. Fio de guerra. Fio de paz. Descanse em paz. Faz e desfaz.

Qualquer desenho se torna possível.
Porque talvez só nós enxerguemos teia.
Talvez no emaranhado de idéias (fios) só nós sejamos capazes de enxergar.

Como tonar o que nos é sensível visível?
Como se dialoga de igual pra igual com o outro? Sem hierarquias.
Como eu torno possível a beleza em um emaranhado de fios (idéias)?

O que se desfaz é aquilo que já foi feito. O que está aqui agora? O feito ou o desfeito? Mas com que efeito?

A Teoria Funcionalista só se preocupa com o efeito da mensagem.
Mas o meio não é a mensagem?
Então a mensagem é o teatro em si.

A mensagem é cada fio da teia. Feita ou desfeita. Desta feita será assim:

Eu direi coisas e você ouvirá. Depois eu ficarei quieta e você dirá coisas. Nós nos entenderemos e cada mensagem será bem sucedida. O teatro será bem sucedido. Nada ficará malacabado. As palavras começam a faltar. Precisamos nos comunicar por pensamento. Me ouça. Me ouça sem que eu diga coisa alguma.

Nina Rosa Sá

domingo, 7 de setembro de 2008

Não cabe como rima de um poema

Coça, coça, coça porque não consigo parar de coçar? Perai um espiro ... Não ainda não é o momento. Você vai ter que esperar... Ninguém na linha tu tu tu
- Não, isso quer dizer que caiu.
- Mas me equilibrei o máximo que pude.
- Pois é, não foi o suficiente.
- Suficiente realmente não foi. Mas pelo menos eu gostei.
- Que bom. Eu não
- É uma pena
- É. E você não vale a pena
- Pena que faz cosquinha no nariz?
- Acho que chegou o momento.
- Não pularei mas de precipícios.
- Dizem que são ócios do oficio.
- Mas se eu pular de precipícios não terei ossos pra contar historia.

Eu só queria fazer uma cena bonita. Equilibrando-me em tamancas de gelo. Mas não sou muito equilibrada.
- Então é desequilibrada?
- Não

Emanuelle Sotoski

Advérbio interrogativo

Por que eu não tenho a elegância de uma aranha?
Por que eu não tenho pernas altas?
Por que eu não sou clássica? (tipo bailarina)
Por que me sinto pequena e estranha?
Por que não piso em linhas?
Na verdade não saio delas.
Acho que sou uma presa .
FÁCIL.
Vou andado calmamente para o meu fim.
Ele está próximo.
- Sim, no máximo uns 70 anos de vida.
- E depois nada?
- Nada, nada , nada.
- Nada de vazio?
- Não entendi. Tem virgula?
- Não sei nunca fui boa em português.
Eu realmente tinha idéias brilhantes mas o português sempre me atrapalhava. O seu Manuel.
Por que a teia?
Não sei é só um fio que se liga a outro , em outro , em outro.
Por que há sempre uma musica?
Por que não sou delicada? ( em todos os sentidos)
Por que me sinto suja?
- Não sei, pode ter sido algo que você fez.
- É eu passei a mão muitas vezes no chão.
E lá é pra botar o pé.

Emanuelle Sotoski

Na hora do intervalo

Tenho e ser sincera nada me passa pela cabeça . Será que todos os meus pensamentos em pequenos instantes foram sugados pelo mundo ? Instantes – Estantes.
De livro. Aquelas das bibliotecas com todo conhecimento do mundo.
- O mundo todo cabe ali?
- Cabe sim. Ele cabe até em uma foto daquelas medias.
- Hum .... Tipo aqueles livros “Tudo sobre Einstein em 90 minutos”.
- É mas isso não acontece naquela propaganda que um cara levou não sei quanto tempo pra cozinhar tal prato.
- Não. Mas nem tudo bate.
- Carros eu sei que batem. Meu namorado quase morreu esmagado por um caminhão. Ta eu sei que em tudo isso há um pouco de exagero.
Cazuza – o tempo não para- por isso vou escrevendo.
- Você lembra daquela propagada que falava sobre isso ? Eu gostava.
Mas nada disso ta fazendo sentido.
Quando v c ri muito fica assim meio boba.
Agora só o que me vem na cabeça uma enorme boca sorrindo. Com dentes branquinhos . Como num comercial de margarina.
E como todo filme feliz minha historia acaba aqui.
FIM.

Emanuelle Sotoski

sábado, 6 de setembro de 2008

"Eu sou uma pedra"

"Eu sou uma pedra", ela disse com os olhos. Os meus olhos que ela havia perdido. Eu também não reclamei por ela tê-los encontrado, todos eles inteiros. E agora usá-los como cartaz. Cartaz que diz, que insiste, que grita: "eu sou uma pedra". Ela parecia mesmo uma pedra. Durante todo aquele tempo. Todo aquele tempo impossível de se medir. Poderia ter sido apenas uma tarde chuvosa ou todo o verão. Eu permaneci escalando a vidraça que continuou me encarando.

Tirei fotos pra manter na memória. Memória é uma coisa falha. Cada novo pensamento é uma queda de braço. Uma queda de braço com um antigo pensamento. Para ver quem permanece.

As luzes piscam e a música continua.

Cada novo pensamento expulsa um antigo. Ou não consegue se fixar. A teia fica em cima. Pra cima. O teto é o chão. Cada hora um novo pensamento me acomete. Sem espaço na memória RAM.

Alô! O celular tocou e o pensamento último escapou. Não conseguiu nem jogar uma queda de braço. Não pôde brigar por espaço. Espaço na minha cabeça que dói.

As bases foram alteradas. Eu só queria pisar o teto. Encarar o chão. E desconsiderar as paredes todas. Como se o teto se sustentasse sozinho. E. E eu pudesse ser chão.

Nina Rosa Sá

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O REI ESTÁ NU



E o Roberto Carlos?
Nunca usa marrom.

E em maçaroca, vai cedilha?
Em cedilha, não vai.
Já muriçoca é alimento pra aranha e não é preciso desembaraçar.
Em desembaraçar, vai cedilha.
Para desembaraçar, não é preciso desembaraço.
Só paciência.
Paciência não é uma ciência, apesar do nome.

E nomes de aranha?
Viúva-Negra não vale, não é nome, é função social ou algo que o valha.
Tarântula é uma grande e peluda, da família das proparoxítonas.
Aranha Marrom é menor e nunca usa Roberto Carlos.
Todas têm veneno, mas só a Armadeira tem segundas intenções.
Já a Aranha D’Água, na verdade, não é uma aranha, é da mesma família da Cobra D’Água, do Copo D’Água e do Pão D’Água.

E a aranha não arranha o jarro, assim como o rato não rói a roupa, nem o jarro arranha a Espanha, nem há qualquer Rei de Roma.
Mas há um Rei de Espanha, o que pode levar a conclusões bem diferentes, embora não seja muito útil para criar trava-línguas.

E línguas?
Língua de sapo é o pesadelo da aranha.
Não, por favor, não me venha com príncipes.
Não quero morrer dando beijo de língua num sapo.



–X– WIRELESS SPIDER –X–


Márcio Mattana
Fio de seda
Fio dental
Fio de telefone
Telefone sem fio
Fio fio
Filmar
Fio
Fio
Fio
Cabo
Liga aqui, junta aqui, achou meu fio? Conectando...
Achou meu fio Ligia?
Fio terra
Não, não é esse.
Sinapses desconexas.
Liga aqui com acolá, testando...
Não ainda...
Ligue dja, Walter Mercado e seus bidentes... tu tu tu
Conexão errada
Ligue 0800 9991 tu tu tu...
Ligando mattana...
Planeta terra chamando, planeta terra chamando... essa é mais uma edição do diário de bordo de Lucas Silva e Silva... tu tu tu
Menina enrolada, menina tecida, fios que não se ligam, não há tomada......tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu menina morreu como Jesus mas ganhou flores ao final,faltou prestigio. Nada de chocolate para essa menina acima do peso. Sem fio dental, o dente tb pode ficar ruim. Cuide de seus dentes. Fiapos, restos de galinha entre os dentes e seus 6 fios pintinhos.
Alfinete, o que tem haver com fio, ajuda a pregar, pregar na cruz Jesus menina.
Tudo separado cada qual enrolado, ordenado, chato, chateado, guardado com suas qualidades, espero que não tenha mau contato.
Conectando
Contato mau, ai doeu. O gado caçado com corda: fio grosso jogado em direção à sua cabeça e em seguida ganhar o premio do rodeio.

Rubia
Nunca quero ordenar e desenrolar nada, quando me desperta uma vontade não há tempo, a musica acaba, você se vai e eu fico desenrolando os fios, procurando os nós... Mas não dá tempo, tem fios que são compridos, outros o nó é grande demais... já percebi que não sou boa nisso, mesmo que eu tente ordená-los, eles nunca ficam como vieram do fabricante.

Não sou boa em nós, muito menos em desembaraçá-los
Não sou boa em fios, muito menos em ordená-los

Sem embaraço, não desembaraço
No balanço do meu braço
No colo do seu abraço

Djavan


Rubia

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

NO QUE EU PENSO QUANDO EU PENSO EM BASE?

Rúbia se relaciona com a parede. Pisa na parede. Relação entre iconografia e prática corporal. Vocês lembram das imagens?

Rúbia diz (ao final, na fase final, aquela na qual a gente conversa):
Vocês sabem que eu sou a Rúbia, então...

Modificação do contato da base com o chão. Modificação do contato da base com o outro. Modificação da base. Base vira ácido. Ácido + Base = Neutralidade.

Nina Rosa Sá

Fiquei pensando

Eu fiquei pensando nas coisa que você deveria ter ficado pensando.
Eu fiquei pensando na brevidade do tempo. No respeito ao teatro.
E cheguei à conclusão de que com você não há diálogo. E a gente usa all star.
Veja bem, se a minha cabeça não doesse eu diria que base é o contrário de ácido.

tec tec. tec tec.
As canetas também dizem coisas.
A minha diz ácido hialurônico.
E ácido, eu sei, é o contrário de base.


Como é que as coisas se interrelacionam?
Inter-relacionam é com hífen ou é tudo junto?
Qual é o plural de hífen?
Como é que se anda na parede?
Como é que a minha imagem de auto-reflete em qualquer objeto ou pessoa?
Como é que se têm tantas perguntas e tão poucas respostas?
Como é que eu vôo?
Como é que eu me agarro em você e não te largo mais?
Como é que eu te prendo?

"Prenda-me se for capaz"

Se você pular eu pulo também. Ou te seguro. Mas como?
Como segurar a tua presença?

Por favor, pise na parede.
Por favor, pise no teto.
Por favor, pise em mim.
Por favor, pise no mundo.
Por favor, não pise no chão.
Por favor, não pise no chão de pé descalço. Faz frio.

PAUSA DRAMÁTICA.

Nina Rosa Sá

domingo, 24 de agosto de 2008

Jogando Teia

Acho que estou o tempo todo jogando teia... pego de tudo...pneu usado, sapato furado, Nossa Senhora de Aparecida, menos o que gostaria. Cansei de colecionar tranqueiras, meu baú está cheio, andei jogando umas tralhas e agora ele está vazio novamente, acho que o anzol pode ser mais atraente... mas o que colocar para seduzir minha presa? Já coloquei charme, não adiantou a presa comeu e foi embora; já coloquei pimenta, a presa quase morreu; coloquei sorriso, essa quase deu certo mas quando chegou na mão escorregou e foi embora, vou continuar testando coisas... pelo menos nessas eu abraço bastante, você abre o braço...e... espera...espera...espera...
Hey, ninguém está me vendo?
Alo, estou com os braços abertos...
Ei, tô aqui de braços abertos...
Estou aqui para abrir o braço...
Tô aqui para um abraço...

Espera...espera...espera...

Rubia

quinta-feira, 21 de agosto de 2008



Tu,
tu,

tu,

tu,

tu,

tu,

tu.

Quis pregar-te à teia da minha conversa,
mas só recebi um sinal de ocupado.

Quis pegar carona em teu andar ligeiro,
mas disseste: “pernas, para que te quero”.

Quis culpar a rede de telefonia,
mas, por fim, não há nem sinal de culpado.

Encontrei pegadas, mas não vejo o rastro
neste emaranhado de sinais de trânsito.


Esporte radical

A aranha desce do teto.
E pousa sobre as coisas.
Esporte radical em câmera lenta.
Bungee-jumping em corda de seda.


Caiu na web, é peixe

O mosquito é o peixe. A aranha, o pescador.
A pressa é a presa. A paciência, o predador.


Rotina

De segunda a sexta, pescar.
No fim de semana, esportes radicais.

terça-feira, 19 de agosto de 2008


E se cada pedaço fosse o todo de um sonho?
E se eu começasse a escrever muito depressa?
E se minhas pernas me obedecessem?
E se as minhas mãos sustentassem o peso da minha cabeça?
E se eu entregasse a minha cabeça pra você?
E se cada cabeça soubesse andar sozinha?
E se eu não estivesse naquela incansável procura de “como acabar com o meu coração”?
E se eu encontrasse uma cadeira de rodas pra minha cabeça e uma muleta pro meu coração?
E se eu fosse eu, você e todos nós?
E se o se não fosse um advérbio de condição?
E se eu tivesse um condicionamento melhor?
E se eu fosse a Mel Lisboa
E se eu fosse tudo menos minha cabeça e meu coração?
E se não houvesse os bares de Curitiba, os cafés que queimam a ponta da língua e a chuva no meu all star?
E se o Djavan morresse?
E se cada minuto pudesse ser congelado?
E se o gelo não derretesse?
E se a primavera chegasse logo?
E se a base não precisasse do acido?
E se o pó viesse antes da base?
E se a base fosse atacada?
E se a base colorisse minhas unhas?
E se a base não fosse meu cabeção e tampouco meu coração?
E se esse poemas bobos não precisassem de final?

Tudo vai passando

Tudo vai passando
Você vai vendo coisas
mas elas são rapidas demais pra você



Emanuelle Sotoski
É disfarçar que nada acontece. Guardar tudo aqui dentro. E sentir um endurecimento. Eu sei que parece que nada acontece. Mas tudo turbilha. E por isso turbilha. Por saber que não vai sair daqui. Que tudo vai ficar aqui. E só esvaziar os pulmões, a cabeça, o coração e então sentir apenas frio.
Controlar.
Percebendo que as extremidades estão congelando. Mas o coração ainda não.
Respirar
Lá e agora. Disfarçando o que se quer extravasar. Mas pra quem? Pra você mesma isso já acontece. Só que em silêncio.
Na sua cabeça você cria historia, bola textos. Mas sabe que eles ficaram pra sempre aqui
Assim como a lagrima que teima em sair. Mas vc controla.
Controle
Um suspiro profundo.... Lá fora não
Aqui
Sempre aqui

Um dia quando inventarem uma maquina que capta pensamentos vcs saberão o que se passa aqui.




Emanuelle Sotoski

Pisar em ovos, a vida pode ser um eterno pisar em ovos se você não for um bom cozinheiro, afinal, se você pisa e os quebra pelo menos os aproveite num bolo, num omelete...
Cuidado com as receitas em que se separa a clara da gema, assim pisar em ovos pode ser mais difícil do que pisar em ovos.
Bem, receitas em que se separa clara da gema se faz da seguinte forma: pegue seu dedo do pé mindinho e quebre levemente a casca, assim o resto do procedimento será feito pelos dedões.
Não abuse dos pulos e saltos, assim não tirará proveito dos ovos quebrados...
Se preferir, bata tudo junto, ovos cascas e você... agora é só comer!


O mundo de cabeça para baixo é interessante, não precisa seguir as regras...
Ponta pé, ponta, pé, pé ponta, calcanhar, pulo, pé vertical, pé vertical horizontal, homem aranha... gruda os pés na parede e caminha sem se preocupar com os ovos que estão embaixo esperando que sejam quebrados...não,não preciso mais pisar em ovos,posso seguir andando pelas paredes.

Vai,volta, sente cada pedacinho das costas que encosta, massageia, chora, relaxa, interrompe. E passa, e base,e outra base, os ossos machucam as vezes, mas para ser uma base eles tem que ser fortes e rígidos para me agüentar,para agüentar tudo o que coloco nesse prédio.. melhor, edifício, não,buraco... mas o buraco não precisa de base, o que segura um buraco? As coisas que não tem base são sempre coisa intocáveis..mentira, a base familiar é tocável..depois passa a ser intocável.
A santa ceia é uma coisa de base,ali estão a base da sociedade tocável.. ó cristo, porque fizeste isso comigo, não t toquei e logo não me conformei com a sua historia...
Porque as coisas crescem para cima? Tem alguma ligação com Deus? Nós crescemos para cima, os prédios, os números... tem gente subindo a escada, e sobe como plantas, como pássaros,como aviões, como a Nasa.
Procuro minha base no outro corpo,o suporte físico do meu edifício, que já parece o Palace II, estou prestes a desmoronar por dentro, até onde posso subir pelas paredes sem demoli-las? A bola de aço contra a parede, o método mais grotesco de demolição de edifícios, ainda prefiro o dinamite, mas o prazer é muito instantâneo,muito menor que o lego, parecido com os castelinhos de areia na praia. Nunca fiz uma boa estrutura de castelo, acho que é aí que está me problema de base, nos castelos da minha infância, quando os castelos caíam... nunca fui insistente em deixá-los em pé,por isso nunca fui a princesa que ali dentro habitava. Mas sempre gostei de véus e fantasia.
Coloco no papel as amarguras de construir castelos tortos com véus coloridos.

Rubia

segunda-feira, 18 de agosto de 2008


A minha vida é senão um boneco de posto. Só você me faz assim, com uns membros esvoaçantes e outros fincados no chão.

TESE


E se eu tivesse PARABRISAS ao invés de pernas? É claro! Tudo tem mais sentido! Pensamos no que é o parabrisas. Ele é senão um limpador da visão. E se nós, dependemos do caminho que escolhermos para só então continuar nossas vidas, é muito mais óbvio que um parabrisas seja mais útil que as pernas. Nós saberíamos completamente para onde estamos indo!

Sabe mobilidade?
Sabe os ossinhos que doem?
Sabe as unhas quando fazem barulho?
Sabe ansiedade?
Sabe quando você corta muito as unhas e tudo parece mais sensível?
Sabe anel?
Sabe que existe também para o pé?
Sabe esmalte? Sabe aqueles vermelhor ou renda ou café ou fosflorecente?
Sabe quando você escolhe um deles?

É sempre assim: ou você chega com a cor já escolhida (francesinha com uma mão de renda) ou você fica em dúvida (rebu com cadé ou quatro mãos de camilla). Aí você ques experimentar todos pra ver como fica. E a manicuri quer te matar, mandando você ir embora só com essa base sem graça (e sem limpar os cantinhos). E então você fica sem escolhas e então você vai embora só com a base borrada que deixa a pele dura e com cheiro forte.
Por isso você não quer mostrar pra ninguém! Usa luvas e sapato fechado (pra Curitiba não vai nada mal). E você decide não sair de casa, fica sozinha comendo pipoca - tudo por conta do rebu com café ou quatro mãos de camilla - e você fica em casa comendo pipoca, sozinha e assistindo tv. Hironicamente no canal 47 está passando "Alta Fidelidade" justo a cena do cigarro e a cheva. E você chora TORRENCIALMENTE. Decide passar o "rebu" nas unhas apáticas, pra ver se passa! Mas a única coisa que te resta é um batom vermelho a la CORINGA!

Ligia

sexta-feira, 15 de agosto de 2008











Cena 03:

Num sonho da aranha, (o que dá impressão de sonho é uma luz avermelhada que torna o palco mais escuro, sendo usado um pouco de gelo seco também, para reforçar a idéia), aparece a aranha num restaurante, de óculos escuros, entregando um pacotinho para o garçom. Em seguida, chega seu convidado e senta à sua frente. O garçom volta, trazendo o prato numa bandeja com tampa. Ao chegar para servir, tira a tampa da bandeja e lá está um prato de espaguete com almôndegas e os olhos que apareceram na cena anterior, e ela dizendo que agora pode se apaixonar.














Cena 01:
    A voz (microfone), descreve em blackout uma dança da mulher dos sonhos dele, essa mulher é uma bailarina que dança com os braços suaves, fazendo valsinhas e a cabeça se deixando levar pelo corpo. Quando a luz volta, aparece a aranha tentando serrar algumas de suas pernas para ser a bailarina descrita pela voz, possuindo apenas duas perninhas.


Cena 02:
Na seqüência a voz briga com ela, por que isso não se faz, e ela vai ficando decepcionada, até que aparece um som de vidro quebrando, uma luz nos cacos de vidro quebrados no chão que refletem nela, essa iluminação dá a impressão de que ela está despedaçada como um quebra cabeça. Blackout. Aparecem os cacos de vidro no chão e dois olhos, uma pessoa vem com uma vassourinha e uma pá para varrer os pedaços.


Cena 03:
Num sonho da aranha, (o que dá impressão de sonho é uma luz avermelhada que torna o palco mais escuro, sendo usado um pouco de gelo seco também, para reforçar a idéia), aparece a aranha num restaurante, de óculos escuros, entregando um pacotinho para o garçom. Em seguida, chega seu convidado e senta à sua frente. O garçom volta, trazendo o prato numa bandeja com tampa. Ao chegar para servir, tira a tampa da bandeja e lá está um prato de espaguete com almôndegas e os olhos que apareceram na cena anterior, e ela dizendo que agora pode se apaixonar.

Cena 04:
Estão em cena as três atrizes. Entra mais uma pessoa (um convidado, talvez). Ela é totalmente envolta com “teia spray” pelas atrizes. Após estar completamente envolta, ela sai se cena. Próxima cena.

Cena 05:
A pessoa da cena 4 entra em cena, ainda envolta pelo “super teia spray spider”, em uma cadeira de rodas. E dá o seguinte depoimento (que ainda sofrerá alterações):
“Minha mãe sempre disse que era proibido. E eu não ia, era proibido. E eu queria e era proibido. Era sempre assim, escola de manhã (seno a co-seno b seno b co-seno a) e almoço (tudo muito leve) e a tarde muita ginástica e treinamento:
1 e 2 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7 e 8
1 e 2 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7 e 8
E a noite:
E eu não ia. E era proibido. E eu queria. E era proibido.
E no outro dia:
Seno a Co-seno b
1 e 2 e 3 e 4
Seno b Co-seno a
Não ia/ Proibido/ Eu queria/ Proibido
Fui de mansinho de asa leve e no fundo, lá no fundinho:
VOCÊ ACREDITA EM AMOR À PRIMEIRA VISTA?
Eu sinto, foi de ambas as partes, pois ela imediatamente me envolveu, numa paixão tão completa e louca e fulminante que tudo em mim parecia imóvel. Eu queria estar cada vez mais perto, cada vez mais intenso, olhar nos seus olhos e sentir o coraçãozinho pulsar, num momento único.
EU HAVIA ME ENTREGADO COMO NA PRIMEIRA VEZ.
E então ela se aproximou e com seus olhos...
E então ela viu que eu já era todo seu...
E então ela foi me tomando pedacinho por pedacinho...
E então eu já estava dentro dela, completamente.
PERDIDAMENTE
E daqui de cima eu entendo que, na verdade, ela está, e sempre esteve de olhos e coração fechados.
ASS: Mosquitinho apaixonado”

Cena 6:
Nessa cena haverá cacos de vidro (nas cores verdes e transparentes) na frente do palco. Com uma luz lateral no chão. Os cacos formarão duas fileiras entre elas haverá uma pequena tabua na qual uma das atrizes atravessará com uma venda nos olhos. Simultaneamente outra atriz estará com uma maquina para medir diabetes furando as pontas dos dedos.
Essa cena vem de uma idéia já contida no texto. A aranha pode enxerga tudo menos onde pisa. A primeira prefere não saber do perigo que corre. Já a segunda é o sofrimento e se mutila.


Cena 7:
                  As três atrizes estarão sentadas em uma cadeira giratória. Com botas de cano alto na altura da coxa na cor preta. E com uma saia que de um movimento e que de uma idéia de continuidade entre as três. Elas farão uma coreografia para brincar com a idéia dessas varias pernas, ângulos e direções. Na qual ira se encaixar o trecho seguinte (que ainda sofrerá alterações):
“Abre aqui! Não percebe que se você escolher fechar apenas um olho, verá uma miragem e não a realidade? Quem disse que eu não quero ver miragens? Cuidado, que uma parede pode querer se erguer. Não tenho medo de perder mais algumas janelas. Mas assim você vai acabar virando uma mula da lenda. Aquela que não tem cabeça! Hummmmmmmm!!! Você sabe como isso aconteceu? Será que ela bateu muitas vezes a cabeça até se desintegrar? Alguém arrancou, ou ela nasceu assim? Ou porque ela é do folclore e tudo que é do folclore tem defeito de fábrica, para me provar que o mundo é realmente concreto? Ih! Não sei, nunca soube, vou pesquisas!
Aaaaaaaaaaai! O que foi? Chutei uma pedra com a ultima pata. Acho que sangrou! Consegue ver? Ta tudo bem! Posso seguir? Sim, fale! Não, o caminho!!! Ah ta! “

Emanuelle Sotoski, Ligia e Rubia

Botões